O Ibovespa iniciou o pregão com forte queda, perdendo quase 3 mil pontos em relação ao fechamento na sexta-feira (118.376,36 pontos), diante da aversão a risco por conta do temor de disseminação do coronavírus. Às 11h20, o índice caía 2,36%, aos 115.587,88 pontos, após mínima aos 115.312,85 pontos. A queda na carteira era generalizada.
A Bolsa brasileira sucumbe ao clima de aversão a risco externo, por conta do crescente temor de espalhamento do coronavírus, apesar da adoção de medidas das autoridades. As notícias de aumento de pessoas mortas pelo vírus na China, onde a doença iniciou, e de disseminação em outras partes do mundo, trazem cautela. Essa preocupação já derrubou a bolsa de Tóquio – enquanto outros mercados asiáticos estão fechados -, atinge os mercados acionários europeus e os índices futuros em Nova York, além das commodities.
"Não tem como escapar, as commodities estão caindo, e isso deve atingir as mineradoras, siderúrgicas e as aéreas", diz um analista.
Na sexta, o Ibovespa já fechara em linha com o mercado externo, ao cair 0,96%, aos 118.376,36 aos pontos.
Por temor de cancelamento em passagens aéreas, na Europa várias ações de empresas do setor operam com perdas. Aqui no Brasil não é diferente: Gol cedia 3,62% e Azul perdia 3,13%.
Em Londres e nos Estados Unidos, o petróleo tem queda perto de 3,00%. No radar, está a notícia de fontes de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) discute ampliar os cortes de produção da commodity visando possíveis impactos da disseminação do coronavírus.
As principais ações de peso na carteira do Ibovespa – Vale ON (-5,00%) e Petrobras PN e ON (-3,45% e -3,76%, respectivamente) – têm perdas expressivas, acompanhando o sinal negativo das commodities.
O risco de impacto do vírus sobre a expansão da economia global segue no radar. "Não sabemos se terá alguma influência e, se tiver, qual será a magnitude. Imaginaríamos que as dúvidas relacionadas a China diminuiriam após a trégua comercial com os EUA, mas agora as dúvidas estão de volta", avalia o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. Vale lembrar que a China, além de principal parceiro do Brasil, é dos grandes importadores mundiais.
A expectativa é que a agenda mais forte de indicadores e eventos ao longo da semana dê algum norte para a Bolsa, especialmente a divulgação dos balanços corporativos do quarto trimestre no Brasil e nos EUA. Amanhã, por exemplo, lá fora, serão informados o resultado da Aplle, 3M e Pfizer. Aqui, o destaque é o anúncio dos balanços do setor financeiro, que vem tendo dificuldade em ampliar ganhos, dentre alguns motivos, pelo aumento da concorrência e queda de juros. Na quarta-feira, o Santander informa seu desempenho do último trimestre do ano passado.
"Será um teste importante, para vermos se o avanço do Ibovespa está condizente com o desempenho das empresas, para corroborar, ou não, a retomada do crescimento", observa Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM.