Estadão

Em reunião na ONU, Rússia deve acusar militares da Ucrânia de crimes, diz WSJ

A Rússia apresentou um relatório às Nações Unidas alegando que os militares da Ucrânia cometeram "crimes" contra moradores da região leste de Donbass, de acordo com documentos analisados pelo <i>The Wall Street Journal (WSJ)</i>. O embaixador russo deve criticar a Ucrânia e as nações ocidentais na ONU, nesta quinta-feira, 17, sobre a situação dos falantes russos no leste ucraniano, mostram os documentos. Os arquivos em questão alegam "genocídio da população da língua russa" em Donbass.

Em resposta, a fala do secretário de Estado americano, Antony Blinken, deve se dar como parte de um esforço crescente de Washington para neutralizar o que vê como "desinformação russa", que poderia servir de pretexto para uma nova guerra na Ucrânia.

O governo ucraniano disse que áreas controladas por Kiev na região de Luhansk sofreram bombardeios contínuos na manhã desta quinta. Um ataque direto a um jardim de infância na cidade de Stanytsia Luhanska feriu dois professores, disseram os militares. O bombardeio também destruiu uma casa no vilarejo de Vrubivka e atingiu o pátio de uma escola secundária. Não havia informações imediatas sobre vítimas no local, segundo a administração civil-militar local.

Essas trocas ocorreram regularmente nos anos desde que o conflito em Donbass começou em 2014, apesar de um cessar-fogo ter sido acordado um ano depois. Ocasionalmente combates de maior escala se irrompem, mas no amplo impasse atual, o risco que carregam é maior.

<b> Ataque a qualquer momento </b>

Vice-porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre afirmou nesta quinta-feira que o governo dos Estados Unidos considera que, no quadro atual, um ataque da Rússia contra a Ucrânia "pode ocorrer a qualquer momento", com o uso de algum "falso pretexto" para justificá-lo. Ela falou a repórteres a bordo do avião presidencial, que seguia para Cleveland, Ohio.

Karine Jean-Pierre disse que os EUA têm "preocupações sérias" com a movimentação de milhares de soldados russos perto da fronteira ucraniana. Segundo ela, a imprensa estatal russa deve publicar mais informações falsas nos próximos dias, para eventualmente justificar uma ação. Esse falso pretexto da Rússia poderia vir "de várias formas", comentou.

Questionada sobre a expulsão do vice-embaixador americano na Rússia, ela disse que foi uma decisão "não provocada" pelos EUA. A porta-voz garantiu que os Estados Unidos seguem comprometidos com a diplomacia e que o secretário de Estado, Antony Blinken, deixará isso claro hoje em declarações no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

<b> Shutdown </b>

Jean-Pierre ainda comentou sobre o risco de paralisação parcial ("shutdown") do governo americano no fim desta semana. Segundo ela, a Casa Branca tem trabalhado com os membros do Congresso para que seja votada uma lei a fim de financiar o governo, evitando o problema, mas a porta-voz não deu mais detalhes sobre a negociação.

A porta-voz ainda criticou o Irã. Segundo ela, o país tem acelerado seu programa nuclear e reduzido a cooperação para permitir seu monitoramento. Os EUA abandonaram o acordo multilateral sobre o programa nuclear iraniano, ainda sob Donald Trump, e agora há negociações sobre o eventual retorno dos americanos à iniciativa. Com informações da Dow Jones Newswires.

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