A construção do primeiro túnel exclusivo para ônibus em São Paulo, projetado para interligar a Radial Leste ao Terminal Parque Dom Pedro, está parada. Menos de seis meses após o início, não há operários trabalhando no canteiro de obras, e a Prefeitura já admite rever o prazo de conclusão, inicialmente estipulado para novembro de 2016.
Orçado em R$ 150 milhões, o túnel de cerca de 700 metros de extensão foi anunciado pelo prefeito Fernando Haddad (PT) em outubro do ano passado. A maior parte dos recursos para execução da obra deve vir do Programa de Aceleração do Crescimento para a área de mobilidade (PAC Mobilidade Urbana), do governo federal. A Prefeitura, no entanto, alega atrasos no repasse das verbas que serviriam para pagar às empresas contratadas.
O túnel integra o projeto chamado Corredor Radial Leste Trecho 1, que tem 12 quilômetros de via segregada para ônibus entre a Estação Vila Matilde, da Linha 3-Vermelha do Metrô, até a altura do Parque Dom Pedro, na região central.
O investimento total previsto é de R$ 455 milhões, dos quais R$ 15 milhões representam a contrapartida da Prefeitura. A via, que aproveitará parte de uma estrutura subterrânea inutilizada pela Companhia do Metropolitano, com extensão de 150 metros, vai levar os veículos que saem da Radial direto para o terminal.
A passagem subterrânea terá uma faixa em cada sentido, além de uma área central de segurança, caso algum ônibus apresente falhas. Em comparação com o acesso atual dos coletivos que saem ou chegam ao Parque Dom Pedro para a Radial, a Prefeitura estima que o túnel tornará o trajeto 20 minutos mais rápido.
Crise
A São Paulo Obras, empresa da Prefeitura responsável pelo gerenciamento do contrato, citou a crise econômica atual para justificar o ritmo das escavações. “Todas as obras com recursos do PAC estão em ritmo bem lento. O túnel tinha a previsão de término para o fim de 2016. No entanto, com a crise econômica que ocasionou a suspensão de recursos e a diminuição do ritmo das obras, esse prazo pode ser estendido”, informou a empresa.
A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo esteve no local na sexta-feira passada e constatou que o “ritmo lento” da construção admitido pela empresa significava, de fato, a paralisação completa das obras.
Providências
A SPObras confirmou a ausência de trabalhadores no canteiro, mas disse que o ritmo citado se refere à tomada de providências burocráticas, como licenças, e também ao manejo arbóreo. As medidas, de acordo com a empresa, continuam ocorrendo. O Ministério das Cidades informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “quitou todos os empenhos de obras de mobilidade que estão sendo realizadas pela Prefeitura”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.