Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, executado nesta sexta-feira no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos, era ameaçado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), depois de ter feito um acordo com o Ministério Público Estadual de delação premiada.
Ele voltava de Maceió, com a namorada e iria se encontrar com o filho que foi ao Aeroporto busca-lo junto a seguranças. A vítima também já havia sido acusada de ter mandado assassinar um líder da organização criminosa – o que ele negava.
Foram pelo menos 27 disparos, segundo a perícia. Gritzbach foi atingido em várias partes do corpo, como cabeça, tórax e nos braços. O ataque ocorreu por volta das 16h. Entre os bandidos, dizia-se que havia um prêmio de R$ 3 milhões pela cabeça do delator.
Os outros três atingidos são um motorista de aplicativo, um funcionário terceirizado do Aeroporto e uma passageira que desembarcava no local. Um deles segue internado em estado grave no Hospital Geral de Guarulhos. Os outros dois já teriam sido liberados.
Quem era Gritzback
Gritzbach era um jovem corretor de imóveis da construtora Porte Engenharia quando conheceu o grupo de traficantes de drogas de Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta. Foi a acusação de ter mandado matar Cara Preta, em 2021, que motivou a primeira sentença de morte contra ele, decretada pela facção.
Após sequestrá-lo, os bandidos, no entanto, decidiram soltá-lo. Para a polícia, o motivo era o fato de quer só Gritzbach sabia as chaves para o resgate das criptomoedas – matá-lo, seria perder o dinheiro para sempre.
Em setembro de 2023, ele negociou um acordo de delação com os promotores do Grupo de Atuação Especial e Combate (Gaeco), que concordou com a proposta. O acordo foi homologado pela Justiça em abril de 2024.
Na delação, falou sobre envolvimento do PCC, a maior organização criminosa do País, com o futebol e o mercado imobiliário. O empresário também deu informações sobre os assassinatos de líderes da facção, como Cara Preta e Django. Em nota, a Porte diz que foi informada pela imprensa sobre a morte de Gritzbach, “com quem não mantém negócios há anos”. E afirma que ele foi “corretor de imóveis na empresa apenas entre 2014 e 2018.
Agentes afastados
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), os agentes que faziam a escolta de Gritzbach, jurado de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) por ser delator de uma das maiores investigações sobre lavagem de dinheiro da facção, tiveram os celulares apreendidos após depoimento à Polícia Civil e à Corregedoria da Polícia Militar.
Conforme apuração da CNN, quatro dos policiais militares que faziam a segurança de Gritzbach deveriam buscá-lo no aeroporto, mas o carro em que estavam teria supostamente quebrado no meio do caminho.