Cidades

Enchentes voltam a atingir os mesmos locais da cidade

Em um dos casos, passageiros de um ônibus ficaram presos e tiveram que ser resgatados pelo helicóptero Águia da PM

"Entra governo, sai governo, e a calamidade é sempre a mesma". Este é o desabafo da agente aeroportuária Kelly Adriana Ferreira, 36 anos. Como outros guarulhenses prejudicados com enchentes ou deslizamentos nas mesmas vias da cidade, ela  já ficou ilhada várias vezes ao longo dos últimos oito anos na avenida João Jamil Zarif, próximo ao acesso ao Aeroporto.  Na noite de terça-feira, 14 passageiros de um ônibus ficaram presos e tiveram que ser resgatados pelo helicóptero Águia da Polícia Militar.

Os passageiros relataram à PM que pelo menos três cobras invadiram o veículo. "Esse murinho que estão fazendo em torno do rio Baquirivu não resolve nada", disse o auxiliar de serviços, Ronaldo Vieira, 22. Ontem à tarde, o rio ainda estava alto e com forte correnteza.

Outro local em que pessoas ficaram ilhadas e precisaram ser resgatadas foi a avenida Benjamin Harris Hunnicut, onde houve alagamentos em diferentes trechos.  Na avenida Pedro de Souza Lopes, em toda a sua extensão, que vai da região do Cabuçu até a Vila Galvão, além das enchentes, a situação é agravada por deslizamentos de terra e graves erosões na pista. Na altura do número 4.730, dois trechos sobre córregos tiveram o asfalto arrancado pela força da enxurrada e não é possível o tráfego de veículos em ambas os sentidos, já que as passagens ameaçam desabar. "Isto é um absurdo. Nossas vidas estão em risco", frisa o motorista Eduardo de Souza, 32, que ainda aponta o perigo dos pontos de deslizamentos na via, que podem vir a atingir os carros e até pedestres.

Já na altura do número 1.441, os alagamentos provocam acidentes. "Os bueiros estão transbordando esgoto e com a chuva a enchentes alcança mais de um metro de altura", conta João Vieira, pedreiro, 54. Ele afirma que o problema se arrasta desde outubro do ano passado, sendo que pelo menos cinco pessoas já se acidentaram ali, por conta da situação do local.

Os moradores da rua do Araújo, na região do Taboão, convivem com as enchentes há pelo menos sete anos e não sabem mais o que fazer diante da "omissão" da Prefeitura em relação a situação. "Esta semana uma mãe e uma criança quase foram levados pela enxurrada", conta Sonia Regina de Camargo, diretora de uma creche conveniada com a Prefeitura próximo ao local.

"Enquanto o prefeito mora bem, estamos nesse caos"

Para o empreiteiro Elias Feliciano, 58, que já perdeu um carro e três dormitórios, o sentimento é de frustração. "Enquanto o prefeito mora bem, e n[os estamos neste caos".

A Prefeitura não respondeu aos questinamentos sobre os problemas até o fechamento desta reportagem. Em nota, a Defesa Civil informou que foram atendidas 62 ocorrências na cidade em decorrência as fortes chuvas da terça-feira. Foram alagamentos, quedas de muros e deslizamentos. Os bairros que apresentaram maior número de ocorrências foram a Ponte Alta, Vila Rio, região do Lago dos Patos, na Vila Galvão, Presidente Dutra, Cidade Seródio, Lavras, região do Baquirivu e proximidades da avenida João Jamil Zarif.

Em Ponte Alta, que teve diversos pontos de alagamentos, cerca de 120 residências foram afetadas. Algumas famílias foram orientadas as deixar as casas. O órgão não informou número de desabrigados, mas afirma que foi disponibilizado o espaço da escola EduCriança, sendo que nenhuma família se dirigiu ao local. Ontem, cinco residências foram lacradas por situação crítica de risco na comunidade São Rafael. As famílias tiveram de deixar suas casas e foi oferecido o abrigo da escola Nadja Maria para todos os envolvidos.

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