A suspensão do uso de sacolas plásticas pelos supermercados, numa ação patrocinada pela Associação Paulista dos Supermercados (Apas), tem muito pouco de razões ambientais e muito mais mercadológicas. Balela essa história de que as grandes redes de hipermercados, concentradas nas mãos de meia dúzia de investidores, estão preocupadas com a preservação do meio ambiente. Fosse assim, as ações extrapolariam a penalização do consumidor e partiriam para questões mais abrangentes, como a eliminação do plástico a partir das embalagens, o que não parece viável.
E não venham dizer que o consumidor vai passar a economizar, já que – segundo as grandes redes propagam – os custos das sacolinhas fornecidas gratuitamentes estavam incorporadas nos preços dos produtos vendidos. Agora, além de não fornecer as embalagens, os preços, com certeza, não cairão. Pior: o cliente será obrigado a pagar para utilizar as sacolas que o marketing vende como “politicamente corretas”.
Talvez as sacolinhas plásticas sejam os primeiros produtos reciclados pelos brasileiros. Ninguém joga os saquinhos no lixo. Eles se transformam no próprio lixo, sendo utilizados nas mais diferentes maneiras no interior dos lares. A diferença agora que eles deixam de ser fornecidos gratuitamente. Quem precisar, vai ter que ir à gôndola do mesmo supermercado e comprar a mesma coisa, mas agora embalada (em plástico) na forma de sacos de lixo, que depois vão para os mesmos aterros sanitários.
Ora, se a causa realmente fosse ambiental, os supermercados não deveriam parar de fornecer as sacolinhas, mas sim distribuir e estimular a utilização daquelas que chamam de biodegradáveis. Assim, com mensagens impressas nas próprias sacolinhas, iriam incentivas os consumidores a reciclar não só este mas outros produtos.
Daqui a pouco, toda essa campanha cai no esquecimento. Provavelmente, o consumidor será obrigado mesmo a arcar com os custos e as grandes redes irão comemorar o aumento em seus lucros. E o meio ambiente? Continuará sendo poluído por outros plásticos e outros tipos de embalagens, que vão contribuir para acabar um pouco mais com nosso planeta. Mas quem vai se importar com isso, não?
