Cidades

Entre a cruz e a espada do reajuste de preços

De um lado, aumentos generalizados, entre eles a escalada das tarifas de energia elétrica. Os indicadores econômicos deixam evidente a situação: a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 7,36% no ano e de 9,57% em 12 meses, atingindo o maior nível desde dezembro de 2003. Do outro lado, o desemprego chegou a 7,5% em julho, o sétimo avanço seguido e o mais elevado desde março de 2010, quando era de 7,6%.
 
Entre a inflação e o desemprego está o empreendedor, pressionado para reajustar seus preços mas tendo de enfrentar a perda de poder de compra dos consumidores, muitos sem trabalho e, consequentemente, sem renda. Se repassar os aumentos, corre o risco de ver clientes baterem em retirada. Se não remarcar, seu negócio pode ficar inviável. 
 
Nessa encruzilhada, o dono de uma micro ou pequena empresa quebra a cabeça em busca de uma solução. Uma providência a ser tomada se relaciona à formação do preço do produto ou serviço. O empreendedor deve analisar detalhadamente esse aspecto porque, a partir daí, pode ver se existe a possibilidade de reduzir custos. Nessa checagem entram matéria-prima, mão de obra, transporte e lucro pretendido (cuja margem pode ser diminuída), etc. Em caso afirmativo, haverá condições de segurar os valores por mais algum tempo ou fazer um reajuste pequeno, mantendo a competitividade ou mesmo se diferenciando da concorrência. Rever processos operacionais (aqui entra a melhora da produtividade) também é útil para descobrir desperdícios e eliminá-los. Assim, as despesas diminuem, ajudando a contrabalançar o aumento de custos.
 
Outra medida é negociar com fornecedores para reduzir os preços deles e obter melhores condições de pagamento.
 
Quando o aumento for inevitável, partir para estratégias que ajudem a manter os clientes é fundamental. Promoções, brindes, ampliar as formas de pagamento, ter um atendimento de alta qualidade e diferenciado e utilizar ações de marketing são boas saídas.
 
Esse momento em que o empreendedor fica entre a cruz e a espada não é fácil. Mas ter como objetivo minimizar o impacto no bolso do cliente é uma bom norte para definir o reajuste de preços.
 
 
Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP
 
 
 
 

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