O leilão A-5 a ser realizado no próximo dia 28 de novembro não reunirá um grande número de projetos de térmicas a gás, mas deve trazer novidades ao setor de geração de energia no Brasil. As térmicas Mauá 3 e Azulão, ambas localizadas no Amazonas, já viabilizaram o fornecimento de gás natural e terão condições de negociar energia no certame. Além disso, projetos vinculados ao fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) importado podem viabilizar a instalação de terminais privados de regaseificação nas regiões Sul e Nordeste. Hoje, os terminais de regaseificação que atendem o mercado brasileiro são operados exclusivamente pela Petrobras.
Embora o número de projetos térmicos abastecidos com gás natural com potencial para vender energia no A-5 ainda seja desconhecido, o diretor de Estudos de Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Carlos de Miranda Farias, sinalizou que aos poucos o problema de oferta de matéria-prima começa a ser solucionado. Este é, na visão de Miranda, o “ponto crítico” para definir o nome das empresas que participarão do leilão do próximo mês.
“Não falamos de uma grande quantidade de projetos, mas está claro que teremos gás (para projetos térmicos), senão para este ano, certamente para o outro”, revelou Miranda. “A quantidade certamente será crescente nos próximos anos e a cada leilão aparecem mais projetos de gás”, complementou o executivo, que participou nesta terça-feira, 21, do evento Power Brasil Events 2014, realizado em São Paulo.
Ao menos dois projetos estão confirmados. São o projetos Azulão, da Petrobras, e Mauá 3, da Eletrobras. A usina da Petrobras seria viabilizada pelo gás natural disponível no campo de Azulão, segundo informou mais cedo o gerente executivo de Operações e Participações em Energia da estatal, Fernando Homem da Costa Filho. Já a usina Mauá 3 teria geração viabilizada por gás natural disponível no campo de Urucu.
Outros empreendimentos térmicos, localizados nas regiões Sul e Nordeste, podem ser viabilizados graças a gás natural importado, sinalizou Miranda. O grupo gaúcho Bolognesi já revelou que pretende construir dois terminais, um na região Sul e outro na região Nordeste. Miranda não revelou o nome das empresas interessadas em viabilizar novos terminais de regaseificação no Brasil.
Ao analisar a situação do mercado de gás natural internacional, o qual poderia atender esses terminais, Miranda destacou que o mercado hoje tem preços elevados. Para o futuro, contudo, a tendência é de queda, sobretudo em função do aumento da produção do shale gas nos Estados Unidos. A retomada da geração nuclear no Japão também deve reduzir a pressão sobre os preços internacionais de gás natural. “Hoje o preço spot está alto, e os contratos de GNL de longo prazo não estão sendo fáceis de negociar. Porém, temos conhecimento de contratos no Chile e no Uruguai que estão sendo negociados”, explicou.
Outra opção para viabilizar novas térmicas a gás natural no Brasil seria a utilização de uma capacidade disponível nos terminais da Petrobras, instalados nos Estados do Rio de Janeiro, Ceará e Bahia. Miranda não revelou, contudo, se algum projeto incluído no leilão A-5 foi viabilizado graças a esse modelo de parceria com a estatal petrolífera.