O professor Fernando Holanda Barbosa, da Escola de Pós Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas (EPGE-FGV), afirmou nesta quinta-feira, 14, que “erros de política econômica do governo Dilma Rousseff” provocaram uma forte desaceleração do ritmo da expansão do PIB, de uma taxa de 1% ao trimestre na era do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003 a 2010) a uma marca trimestral de 0,5% na administração atual.
“No governo Dilma, a política monetária foi aplicada com voluntarismo para a redução dos juros, o que não dá certo”, destacou. “A meta de inflação é de 4,5%, mas na prática é de 6% a 6,5%.”
Holanda também destacou o descontrole das contas públicas do governo Dilma, o que fez com que a política fiscal frouxa estimulasse a demanda, ao mesmo tempo que o País não gera bom nível de poupança pública, necessária para estimular os investimentos. Ao contrário, o Brasil vive com déficit nominal há vários anos e em 2014 esse número negativo deverá ficar próximo de 3,8% do PIB, segundo expectativas de mercado apuradas pelo Banco Central.
“Deveríamos ter déficit nominal zero e não ficar buscando taxas baixas de superávit primário”, apontou Barbosa. Segundo ele, isso ajudaria a elevar a poupança doméstica, que é muito baixa e está distante do que é registrado por boa parte dos países asiáticos. “A importação de poupança não vai nos deixar ricos”, destacou, fazendo referência indireta ao déficit de transações correntes do País, que neste ano deve alcançar um patamar próximo a US$ 80 bilhões, ou cerca de 3,5% do PIB.
Na avaliação de Barbosa, o aumento da dívida bruta nos últimos anos foi causada por alguns fatores, sobretudo por despesas parafiscais, ou repasses do Tesouro para bancos públicos, especialmente ao BNDES. Entre 2009 e 2013, o governo federal direcionou R$ 309 bilhões ao BNDES.
“A economia no governo Dilma foi administrada por casuísmos”, destacou o acadêmico da EPGE-FGV. “Para que o País volte a crescer 1% por trimestre, ela deveria retomar o pragmatismo de Lula, voltar tudo como era antes”, disse, referindo-se às políticas fiscal e monetária.
No entanto, o professor destacou que a política cambial de Dilma Rousseff é semelhante à de Lula desde 2006, pois é “administrada” e deveria ser flutuante, o que seria necessário para diminuir a apreciação do real ante o dólar. Em palestra na VII Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira, ele não estimou em quanto o câmbio deveria ser corrigido e em qual horizonte de tempo.