Estadão

Esperamos uma queda de 2,6% no consumo aparente de aço para 2023, diz Aço Brasil

O presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, Jefferson De Paula, afirmou que espera uma queda de 2,6% no consumo aparente de aço para 2023. De acordo com o executivo, a demanda pelo produto no Brasil segue em patamares reprimidos, com poucos acenos por parte dos setores de construção, automotivo e de máquinas. Em conjunto, há um aumento substancial das importações por parte da China.

No primeiro semestre, o consumo aparente de aço foi de 11,5 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 1,6% durante o período. Com a nova mudança de expectativas para 2023, o Aço Brasil revisa para baixo a previsão de 2023 pela segunda vez. O instituto havia divulgado em abril que projetava um recuo de 1% no consumo. Em 2022, o setor acreditava em um crescimento da demanda em 1,5%.

"O consumo de aço há 42 anos no Brasil era de 100 kg por habitante ao ano, e hoje está próximo de 105 kg em 2023. Enquanto isso, na China, o mesmo indicador era de 32 kg e agora está em 645 kg. Nós operamos hoje em dia com apenas 60% de capacidade", afirmou Jefferson de Paula.

O executivo ressaltou que a perspectiva de consumo para o mercado doméstico pode alcançar o patamar de 200 kg por habitante, mas as expectativas do segmento ocorrem apenas considerando o médio e longo prazos. "A indústria de aço brasileira é muito competitiva. Nós mantivemos os nossos investimentos no Brasil e acreditamos no potencial do país", disse Jefferson.

<b>Importações da China</b>

As expectativas para a produção de aço também acompanham um sentimento pessimista por parte da indústria produtora de aço no Brasil. O instituto espera uma redução na produção nacional de aço em 5% para 2023. Nos primeiros seis meses do ano, frente a igual período de 2022, a produção de aço bruto caiu 8,9%, para 15,972 milhões de toneladas.

A produção de laminados planos recuou 3,8% no primeiro semestre de 2023, enquanto a produção de laminados longos diminuiu 8%.

Jefferson de Paula sinalizou que pode ocorrer um aumento expressivo de importações de aço chinês para o Brasil no segundo semestre, e que esse movimento já foi registrado nestes seis primeiros meses do ano, com aumento de 43% nas importações de aço, muito acima das expectativas do segmento.

Para Jefferson, o desaquecimento da economia chinesa tem estimulado o escoamento do excedente de produção para países que não adotam uma forte política de proteção comercial, como o Brasil.

"A China procura acessar o mercado de outros países e as nações começaram a se defender. Então estamos vendo uma escalada de protecionismo no mundo, mas a América do Sul segue aberta. Isso mostra uma grande vulnerabilidade na nossa região", afirmou Jefferson, que acrescenta: "No fundo, eles estão ganhando o nosso mercado".

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