Em razão da estiagem, o Sistema Cantareira, que abastece grande parte da Região Metropolitana de São Paulo, está liberando mais água para abastecer as regiões de Campinas, Jundiaí e Piracicaba, no interior de São Paulo.
Desde o último dia 6, a vazão enviada do Cantareira para as Bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) aumentou de 7 metros cúbicos por segundo (m3/s) para 9,25 m3/s. Os 2,25 metros cúbicos adicionais por segundo compensam em parte a forte redução nas vazões dos rios que abastecem essa região do interior, causada pela falta de chuvas e pelo calor atípico deste final do inverno.
O aumento na vazão que sai do Cantareira para o interior foi autorizado pela câmara técnica de monitoramento hidrológico dos comitês das Bacias PCJ, com base nos limites de segurança fixados pela Agência Nacional de Águas (Ana) para garantir o abastecimento de 32 municípios dessas regiões. Nesta segunda, o Sistema Cantareira tinha nível de 85,57% de água, considerado excelente, apesar do período sem chuvas.
Em 2014, durante a crise hídrica que levou o Sistema Cantareira à quase exaustão, aconteceu o processo inverso. Para garantir o abastecimento da região metropolitana, foi reduzida a liberação de água para o interior, o que afetou o abastecimento de Campinas e de outras cidades, obrigadas a adotar o racionamento.
Agora, a água a mais já melhorou a situação do Rio Atibaia, responsável pela maior parte do abastecimento de Campinas, e que vinha enfrentando quedas sucessivas na vazão. Na tarde desta segunda-feira (11), o rio estava 11,32 m3/s, praticamente a mesma vazão do dia 6, quando a liberação foi iniciada.
O Rio Jaguari, que forma o Piracicaba e abastece cidades como Americana, estava com 5,93 m3/s, mantendo a vazão da semana passada, embora abaixo da média histórica do mês, que é de 12,40 m3/s. Pelas regras da nova outorga do Cantareira, que estão valendo desde junho último, para o período seco, que vai até o início de novembro, as Bacias PCJ têm direito a retirar dos reservatórios do sistema até 10 m3/s.
Rio seco
O aumento na liberação de água do Cantareira só não melhorou a situação do Rio Piracicaba, o mais importante da região e que sofre com a estiagem. A vazão, que no dia 6 era de 31,73 m3/s, tinha caído para 21,82 m3/s na tarde desta segunda-feira (11), o valor mais baixo deste ano. O manancial tinha pouco mais de um terço de sua vazão histórica para setembro, que é de 60,79 m3/s.
No trecho em que o rio corta a área urbana de Piracicaba, já surgiram bancos de areia e o leito rochoso está à mostra. A cachoeira, principal atração turística da cidade, agora se resume a alguns fios de água. Em quase toda a extensão da queda, as pedras estão visíveis.