A brasileira Stone, de meios de pagamento, definiu na terça-feira, 16, os termos de sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em Nova York. A estreia da empresa de “maquininhas” na Nasdaq deve movimentar até US$ 1,1 bilhão, caso a ação saia no maior valor previsto, segundo prospecto da empresa arquivado na SEC, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) dos Estados Unidos. A faixa indicativa de preço do papel ficou entre US$ 21 e US$ 23. A empresa segue os passos da rival PagSeguro, que em janeiro captou US$ 2,7 bilhões no maior IPO de uma empresa brasileira no mercado americano.
A operação já tem entre os interessados um peso pesado dos investimentos, o fundo Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, que pode ficar com quase 14 milhões das ações ofertadas. Segundo o documento, a brasileira vai vender 40.909.091 ações ordinárias, que poderão ser acrescidas em 6.818.182 ações. Além de Buffett, outros nomes como T. Rowe Price Associates e Madrone Opportunity já tornaram pública a vontade ficar com parte dos papéis oferecidos.
Com o interesse desses grupos, que funcionam como investidores âncoras, a percepção é de que a empresa não terá dificuldade em concluir a oferta, que ocorre em meio às eleições presidenciais no Brasil. A ação deve ser precificada logo após o segundo turno das eleições. A Stone reportou um lucro líquido nos seis primeiros meses do ano de R$ 88 milhões, ante um prejuízo de R$ 76 milhões no mesmo período do ano anterior.
Trajetória
Fundada em 2012 e controlada pelos fundadores André Street e Eduardo Pontes, a empresa tem entre seus acionistas minoritários a britânica Actis LLP e a brasileira Gávea Investimentos. Estão ainda na lista de sócios o fundo Tiger Global Investors, a Madrone Partners, empresa de investimentos que gerencia parte da fortuna da família Walton – principal proprietária do gigante de varejo Walmart, e três dos fundadores do 3G Capital: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
A participação da empresa no mercado alcançou fatia de 5,4% no primeiro trimestre de 2018, segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS).
Segundo Edson Santos, especialista na área de meios de pagamentos, ao contrário da PagSeguro, que tem foco nos pequenos comerciantes, a Stone prioriza o empreendedor de porte médio, público que disputa com credenciadoras tradicionais, como Cielo e Rede.
Além de meios de pagamento, a Stone oferece pacotes de outros serviços, como softwares de gestão, para atrair o lojista que não teria recursos para contratar os serviços de forma individualizada. “Isso faz com que a Stone suba a cadeia de valor daquele lojista, ao atender outras necessidades dele, o que cria uma fidelização”, completou o especialista.
Eleições
No prospecto enviado ao regulador americano, a Stone destaca, entre os riscos relacionados ao País, as eleições, diante da atual incerteza econômica do País, que pode, segundo a companhia, “machucar a empresa e o preço da ação”.
“Em relação à eleição geral neste ano no Brasil, que inclui a presidencial, alguns candidatos propuseram a imposição de taxação nos dividendos em sua agenda”, frisa a Stone, destacando, que, dessa forma, se essa medida for aprovada poderá haver um aumento da tributação. “Não podemos garantir que o novo governo federal não mudará as atuais políticas em relação à economia brasileira e que tais mudanças não afetarão nossos negócios”, destaca.
A oferta da Stone está sendo estruturada pelo Goldman Sachs, JPMorgan, Citigroup, Itaú BBA, Credit Suisse, Morgan Stanley, BofA Merrill Lynch e BTG Pactual.
Além da PagSeguro, que passou a negociar suas ações na Bolsa de Nova York no início do ano, há poucas semanas, a Arco Educação, dona da plataforma SAS Sistema de Ensino e da International School, sistema de ensino bilíngue, também estreou Nasdaq. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.