Estudante de Biologia na Universidade Federal do Rio (UFRJ), Alex Schomaker Bastos, de 24 anos, foi morto com seis tiros na noite de ontem ao supostamente reagir ao assalto, no ponto de ônibus em frente ao campus da Praia Vermelha, em Botafogo, na zona sul do Rio. O jovem se formaria na próxima segunda-feira. Investigadores da Divisão de Homicídios da Polícia Civil colheram hoje imagens de câmeras de segurança na tentativa de encontrar os responsáveis pelo assassinato: dois homens, ainda não identificados.
Alex acabara de sair da aula e esperava o ônibus no ponto da Avenida General Severiano, quando, pouco depois das 21h, foi abordado pelos criminosos, cada um sobre uma motocicleta. Uma testemunha contou à polícia que um deles desceu do veículo e roubou a carteira e o celular do jovem. Quando o criminoso estava já em cima da moto para sair, Alex teria, segundo a testemunha, “partido para cima do homem e o agarrado pela cintura”; o comparsa então disparou três vezes contra o estudante. O homem que estava com os pertences de Alex teria dito: “Mata logo”, e o assassino atirou outras três vezes.
Câmeras de vigilância de prédios residenciais em frente ao ponto de ônibus filmaram os criminosos. Ambos usavam capacete. Segundo a Polícia Civil, a Divisão de Homicídios trabalha com a principal hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte). Alex chegou ainda com vida ao Hospital Municipal Rocha Maia, que fica logo ao lado do local do crime, foi transferido para o também municipal Miguel Couto, na Gávea, a 7km de distância, mas, pouco depois de chegar à unidade, não resistiu aos ferimentos e morreu.
O corpo de Alex será cremado amanhã, às 11h, no Memorial do Carmo, no Caju. Ele era filho de dois jornalistas: Andrei Bastos e Mausy Schomaker. Ao comunicar amigos e parentes sobre o funeral, no Facebook, o pai descreveu Alex como “o jovem inteligente e bondoso que a violência do Rio de Janeiro matou”. Os amigos marcaram uma “Mobilização em Homenagem a Alex” para domingo, às 9h, no campus da Praia Vermelha: “A morte dele não representa apenas um episódio destacado, mas expõe a fragilidade de nossas políticas de segurança pública e o descaso que temos com os programas de desenvolvimento social”, escreveram na página criada para o evento.
Moradores da região reclamam da falta de policiamento. Em nota, a Polícia Militar informou que há patrulhamento 24h/dia na região – moradores e estudantes, entretanto, negam que seja assim tão frequente. Por conta do assassinato, de acordo com a PM, “está sendo planejado um reforço na área do campus e a alteração do ponto de baseamento das viaturas”. A PM não quis revelar qual será o novo ponto “por tratar-se de informação estratégica”. Procurado pela reportagem, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, não se manifestou. Até o início da noite de hoje, a UFRJ ainda não havia se pronunciado sobre a morte do aluno.