Que Guarulhos carece de um grande planejamento viário, que possa dar vazão ao trânsito de veículos, cada dia mais frequente, ninguém tem dúvidas. Até mesmo as maiores autoridades do setor, que já passaram pela pasta de Transporte e Trânsito, reconhecem que o município nunca contou com ações macro que pudessem aliviar situações desastrosas. Em horários de maior movimento, trafegar em ruas e avenidas de Guarulhos – ou mesmo se deslocar de um bairro para outro – se tornou tarefa das mais difíceis. Afinal, o município não conta com vias radiais ou perimetrais, grandes avenidas que possam escoar o tráfego, sempre se limitando a despejar mais e mais carros nas já saturadas vias, que foram sendo abertas ao longo do tempo, quando nem de longe se imaginava uma cidade do porte que é hoje.
Entretanto, essa falta de planejamento parece ser a tônica da área de Transportes e Trânsito de Guarulhos. Entra secretário, sai secretário e os erros se repetem. Nesta sexta-feira, o atual titular da Pasta, cheio das boas intenções, lançou um plano de segurança viária, um projeto nobre que tem o objetivo de a curto, médio e longo prazo, através de atividades operacionais, de engenharia, de fiscalização e de sinalização, diminuir os acidentes de trânsito e proteger tanto os pedestres, como os motoristas. Até aí nada de mais. Aliás, tudo muito bom.
Porém, era de se esperar que esse projeto partisse de um estudo detalhado dos reais problemas que afetam Guarulhos. Que a STT apresentasse dados que revelassem os pontos de maior incidência de violência no trânsito, situações que merecem uma atenção maior do poder público, com ações ostensivas de prevenção. Diferente disso, nada foi mostrado. Apenas palavras, frases de efeito e boas intenções.
Só que isso tudo não resolve. Dizer que Guarulhos está sitiada pela rodovia Presidente Dutra não resolve absolutamente nada. Quando ocorre um acidente na estrada federal, os motoristas buscam caminhos alternativos por dentro da cidade, numa ação quase que natural, complicando ainda mais a vida de quem vive por aqui.
Ora, reconhecer isso é o mínimo que o secretário, que ainda está conhecendo a cidade, afinal não é daqui, deve saber. Mas o que ele propõe como alternativa? Praticamente nada. Ou melhor, cita que é preciso resgatar a educação no trânsito, reconstruir as gentilezas urbanas. Mas Guarulhos precisa bem mais que isso. Que esse plano de segurança viária seja muito mais que só mais um discurso bonito.
