A cautela externa contamina o Ibovespa, diante do espalhamento do coronavírus na China e em outras partes do globo, que reforça os temores quanto aos impactos econômicos. Ao mesmo tempo, indicadores fracos na Alemanha deixam investidores cautelosos neste momento já de incerteza em relação às perspectivas para o crescimento da economia mundial.
O Ibovespa reduziu o ritmo de queda logo após a divulgação do relatório de emprego norte-americano, chegando a retomar os 115 mil pontos, mas o movimento foi pontual. O chamado payroll mostrou a criação de 225 mil vagas em janeiro, ficando maior que o previsto (160 mil). A taxa de desemprego subiu a 3,6%, acima do esperado (3,5%). O salário médio por hora avançou a 0,25% em janeiro ante dezembro, ficando aquém da projeção de 0,30%. Na comparação interanual, subiu 3,1%, contra a expectativa de 3%. Às 10h50, o Ibovespa caía 0,52%, aos 114.593,16 pontos, após ceder 0,04% (115.140,04 pontos).
Depois de um breve período de recuperação, a semana deve terminar novamente sob ambiente carregado, diante da ausência de sinais de controle da epidemia e temores com as implicações econômicas, cita em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada.
O estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, reforça que o dia dever ser difícil para os ativos domésticos, principalmente para a Bolsa e o mercado cambial. "Deve ser um dia complicado. O dólar já sobe e a Bolsa cai, refletindo os mercados internacionais que estão negativos, já que a situação na China está um pouco mais complicada em relação ao vírus", diz.
A epidemia de coronavírus já infectou mais de 31 mil pessoas, causando 636 mortes, apenas na China. Campos Neto, da Tendências, comenta que, embora os novos casos da epidemia no país asiático tenham recuado pelo segundo dia consecutivo, o crescimento segue acelerado, com mais de 3 mil notificações.
"As preocupações com os efeitos na atividade econômica seguem presentes, enquanto não há um controle efetivo do problema. Empresas seguem suspendendo temporariamente as operações no país, como Honda e Toyota", afirma o economista da Tendências.
Internamente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro teve forte desaceleração em janeiro. Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic de 4,50% para 4,25% ao ano, indicando que esta foi a última redução.
"Mais do que o IPCA, o mercado avalia o payroll", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. Na quinta, o Ibovespa terminou em queda de 0,72%, aos 115.189,97 pontos.