Exterior e liberação de medidas para conter coronavírus no Brasil animam Bovespa

O Ibovespa iniciou o pregão em forte alta, influenciado principalmente pela valorização das bolsas internacionais em reflexo a indícios de arrefecimento no espalhamento de casos do novo coronavírus em várias partes do mundo. O principal índice à vista da B3 ganhou ainda mais força após os anúncio de medidas de crédito pelo Banco Central (BC) para estimular a economia por conta dos impactos do novo coronavírus. Às 11h06, o Ibovespa subia 6,92%, aos 74.315,91 pontos.

O BC informou a criação de linha de crédito especial com recursos constitucionais, com limite de R$ 100 mil para capital de giro e de R$ 200 mil para investimentos. A linha terá juros de 2,5% ao ano. O dólar também intensificou o ritmo de queda depois do anúncio, renovando mínimas, operando a faixa de R$ 5,24. A notícia ajuda a impulsionar as ações do setor financeiro, com ganhos que se aproximam de 11%.

Nem mesmo o recuo do petróleo no exterior por causa da transferência da reunião da Opep +, de hoje para quinta-feira para discutir corte na produção da commodity, impede a alta na B3, que tem elevação generalizada na carteira. As ações da Petrobras avançam entre 3% e 4%.

O economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, afirma que a expectativa ainda é de um consenso entre os produtores de petróleo a respeito da redução na produção. Por isso, o assunto não o preocupa tanto, e cita que depois de cair cerca de 7% na madrugada, as cotações da commodity diminuíram a intensidade de baixa, para a faixa de 3%.

Além disso, avalia que o noticiário foi um pouco mais brando em relação à covid-19 no fim de semana, com informações de desaceleração no total de casos por coronavírus no Estado de Nova York em países europeus, como Itália, Espanha, Alemanha e Reino Unido. Contudo, o presidente norte-americano, Donald Trump, previu duas semanas difíceis no país.

"Mas foi um fim de semana um pouco mais suave. No Brasil, a expectativa de aceleração na liberação do dinheiro para amenizar os impactos da covid-19, com o governo pressionando os bancos para que agilizem o processo também pode ajudar o dia a ficar positivo", estima Bandeira.

O governo aposta na compra direta, pelo Banco Central, das carteiras de crédito e títulos das empresas como forma de fazer com que recursos liberados pelo governo cheguem efetivamente às mãos dos empresários. O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu no sábado que o crédito está empoçado no sistema financeiro.

O acirramento da crise política interna e o mal-estar nas relações comerciais entre Brasil e China também devem atrair a atenção do investidor, seja a relacionada ao presidente Jair Bolsonaro que disse no fim de semana que "algo subiu na cabeça" de pessoas do seu governo, mas que a "hora deles vai chegar". "A minha caneta funciona", afirmou, sem mencionar nomes. Vale lembrar que o presidente continua destoando da postura defendida pelo ministro da Saúde, Henrique Mandetta.

Em relação à questão diplomática, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, insinuou que o país asiático sairá fortalecido da crise atual causada pelo novo coronavírus, apoiada por seus "aliados no Brasil", associando a origem da covid-19 à China.

No âmbito doméstico, o investidor também deve acompanhar novas notícias sobre a pandemia. O governador do Estado de São Paulo, João Doria, deve estender a quarentena.

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