Acolher uma criança entre zero e dois anos em um lar temporário, oferecendo carinho, amor, amparo, convivência familiar e comunitária com objetivo de estimular seu desenvolvimento. Esta é a proposta do programa Família Acolhedora, alternativa ao acolhimento institucional em abrigos para crianças afastadas do núcleo familiar por medida judicial protetiva. A ideia é retornar a criança à sua família de origem ou a uma família adotiva. Em Guarulhos, duas famílias participam do programa e aprovam a iniciativa. Outras três estão sendo capacitadas no programa que é pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social, e desenvolvido pelo Instituto Forte e pela Casa Amor ao Próximo – ambas selecionadas por meio de Chamamento Público.
Desde o dia 25 de fevereiro, Tânia Pereira da Silva, 55 anos, está acolhendo Paulo, um bebê de um ano e um mês. “A chegada do Paulinho foi de muita alegria e está sendo maravilhoso. Ele é muito amoroso, acorda cantando e segura meu rosto encostando a boquinha na bochecha. Parece que quer me dar um beijo”, disse a aposentada que mora no Jardim Adriana com as filhas Ana Carolina, 21, e Amanda, 16.
Tânia soube do programa pelas redes sociais. “É bem legal o programa. Gosto de criança e sempre tive na mente que podia ajudar e fazer a diferença na vida de uma. Tive condição de dar uma educação boa a minhas filhas e gostaria de retribuir ajudando uma criança”, contou, acrescentando que as filhas a auxiliam a cuidar do bebê quando necessário.
O primeiro aniversário de Paulinho foi comemorado com um bolo poucos dias após sua chegada e, desde então, Tânia vê mudanças no comportamento do bebê. “Ele era muito quietinho quando chegou. Agora está cheio de energia, engatinha, segura nas paredes para andar e seus olhinhos brilham”, observou.
Seres humanos melhores
O casal Marinela Carmelita Santos (42 anos, dona de casa e ex-professora) e Jefferson Aparecido Ferreira (44 anos e trabalhador da área de Tecnologia da Informação) acabou de passar pela experiência do programa. Em meados de fevereiro, acolheram um bebê de seis meses, a Natalie, que vivia em um abrigo desde o nascimento. Apesar da convivência de apenas um mês, pois foi encontrada uma família para adotá-la, o período foi transformador para o casal e os três filhos. “Todos se envolveram na rotina dela, dando a mamadeira, brincando com ela e até ajudando a fazer inalação. “O projeto é perfeito. Atende muito bem o ser humano, a criança, que recebe muito afeto e atenção. Nosso ganho foi a empatia que nossos filhos adquiriram, aprendendo a compartilhar e se tornarem seres humanos melhores”, disse Jefferson.
A ex-professora e o marido participaram anteriormente de trabalho social voluntário, mas sentiam necessidade de proporcionar essa vivência também aos filhos. “Nossos filhos precisavam ver outras realidades, valorizar a vida que têm. Com a Natalie, a vida passou a ter outro significado, outro sentido. Quando ajudamos o outro, o coração fica mais preparado para o amor. Demos a ela o melhor que tínhamos: o amor e o afeto da nossa família”, contou Marinela.
Em apenas 30 dias, a bebê acolhida se transformou. “Ela era quietinha quando chegou. Nós falávamos brincando que ela era uma criança stand by (termo em inglês que significa em espera) porque não interagia muito. E ela foi mudando: ficou mais sorridente, mais ativa, aprendeu a ficar em pé e tentava falar”, explicou Marinela.
Como funciona
Para participar do “Família Acolhedora” é fundamental ter disponibilidade afetiva e emocional, uma vez que as crianças nesta faixa etária precisam de carinho e atenção constante. Os interessados não podem estar inscritos no Cadastro Nacional de Adoção, nem ter interesse em adoção, pois a proposta é reintegrar a criança à sua família de origem no término do programa.
Entre os requisitos necessários estão ser maior de 21 anos, morar no município e ter disponibilidade. O interessado será avaliado e receberá capacitação sobre o serviço. Caso seja selecionada, a pessoa receberá acompanhamento da equipe técnica do Serviço de Acolhimento da Prefeitura.
Serviço:
Programa “Família Acolhedora”
Informações:
Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social: 2087-7430
Instituto Forte: 4803-6121
Casa Amor ao Próximo: 2600-9699