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Faturamento das micro e pequenas empresas desaba em janeiro

O faturamento das micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas despencou no início deste ano. Segundo a pesquisa mensal Indicadores Sebrae-SP, o recuo foi de 14,8% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2014. Foi o maior porcentual de queda de receita para um mês de janeiro em relação a janeiro do ano anterior, desde 1998, quando a pesquisa teve início. O estudo mostrou ainda novo recorde de pessimismo dos empresários para a atividade econômica nos próximos seis meses.
 
A receita total das MPEs no primeiro mês de 2015 foi de R$ 43,6 bilhões, o que significa R$ 7,6 bilhões a menos do que em janeiro de 2014 e R$ 11,5 bilhões menor do que a registrada em dezembro do ano passado. “O desempenho ruim da economia do Brasil teve impacto direto nas receitas dos micro e pequenos negócios”, afirma o presidente do Sebrae-SP, Paulo Skaf. “Há um conjunto de fatores como retração na demanda, baixa confiança e inflação alta prejudicando o desempenho das empresas. Além disso, as empresas sofrem com os efeitos das medidas adotadas pelo governo para reorganizar a economia brasileira”, completa.
 
Em janeiro, o comércio registrou queda de 23% no faturamento ante o mesmo mês de 2014. No mesmo confronto, o setor de serviços teve recuo de 9,7%. Apenas a indústria teve aumento – de 3,6% – na receita, número explicado pela base fraca de comparação de janeiro de 2014.
 
O desaquecimento da economia não poupou nenhuma das regiões. O município de São Paulo amargou um tombo de 23% no faturamento em janeiro de 2015 sobre janeiro de 2014. A Região Metropolitana de São Paulo não ficou muito longe disso: caiu 18,4% em igual período. As MPEs do interior do Estado apresentaram recuo de 11,1% na receita e o Grande ABC viu o faturamento cair 10,6%, na comparação de janeiro de 2015 com janeiro do ano anterior.
 
Na análise de janeiro de 2015 com dezembro de 2014, o faturamento ficou 20,8% menor. Há que se considerar ainda nesse confronto os fatos de dezembro contar com as vendas de final de ano e janeiro concentrar parte das férias coletivas de alguns segmentos, como as indústrias.
 
Em janeiro de 2015, o pessoal ocupado (sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados) nas MPEs paulistas foi reduzido em 2,5% em relação a janeiro de 2014.  No mesmo período, o rendimento real dos empregados dos micro e pequenos negócios encolheu 5,6%, já descontada a inflação. A folha de salários paga pelas MPEs baixou 6,6%.
 
Pessimismo no ar – Em fevereiro deste ano, o pessimismo dos donos de MPEs bateu novo recorde. Segundo a pesquisa, 43% deles disseram esperar piora no nível de atividade econômica para os seis meses seguintes, o maior porcentual de toda a série histórica, iniciada em maio de 2005. Em fevereiro de 2014 eram 14%. No que se refere ao faturamento da empresa, a maioria, ou 58%, acredita em estabilidade. Um ano antes, esse grupo era formado por 54% dos empreendedores. Os que esperam piora também são mais numerosos agora: 11% têm essa opinião ante 4% em fevereiro de 2014. “Os problemas na economia brasileira derrubaram as expectativas dos proprietários de micro e pequenas empresas. Viemos de um 2014 complicado e 2015 não se desenha melhor; o recorde de pessimismo é um retrato desse cenário”, diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano. “Os ajustes promovidos pelo governo para reduzir as turbulências econômicas devem limitar, no curto prazo, o crescimento do País e o desempenho das MPEs”, completa.
 
A pesquisa – A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente, com apoio da Fundação Seade. São entrevistados 2.716 proprietários de MPEs do Estado de São Paulo por mês. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.
 

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