O Ministério da Fazenda está preocupado em diversificar a clientela do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), mantido pela União e cujo patrimônio é de R$ 14 bilhões. No mês passado, uma reunião com representantes de cerca de 15 bancos que atuam no comércio exterior discutiu questões jurídicas e o funcionamento do fundo e teve boa recepção, informou nesta sexta-feira, 8, o secretário de Assuntos Internacionais da Fazenda, Carlos Márcio Cozendey. O Deutsche Bank estuda uma operação com o FGE, segundo o secretário.
Atualmente, 98% das operações do FGE são com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O intuito da Secretaria de Assuntos Internacionais é ampliar os 2% usados pelos outros bancos, aumentando, assim, as fontes e, portanto, o montante de crédito para a exportação, explicou Cozendey.
Há espaço para mais demanda, pois a alavancagem prudencial do FGE é de cinco vezes seu patrimônio, mas hoje está em 3,9 vezes, segundo o secretário. “O banco privado tem que confiar no fundo e no seguro”, disse Cozendey, após participar de um painel no Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), promovido no Rio de Janeiro pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Participaram da reunião na secretaria representantes de instituições como Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, HSBC e Santander. Cozendey não adiantou qual o valor ou o cliente do financiamento analisado pelo Deutsche Bank. Informou apenas que é um projeto de serviços de engenharia no exterior.
O BNDES é a favor da diversificação dos bancos que recorrem ao FGE. Segundo a superintendente da Área de Comércio Exterior do banco de fomento, Luciene Machado, a ampliação de fontes de financiamento ao comércio exterior é positiva para as empresas e uma maior participação dos bancos privados poderia ajudar a aperfeiçoar os instrumentos de seguro e garantia.
“Para o setor exportador, isso é mais financiamento, mais oferta de funding. Os bancos privados poderão oferecer um prazo de 15 anos, 20 anos, como o BNDES? Talvez, no primeiro momento, não, mas tem muita exportação brasileira que não precisa de 15 anos para acontecer”, afirmou Luciene.
Segundo a superintendente do BNDES, os aperfeiçoamentos mais necessários em relação aos seguros de crédito à exportação dizem respeito à redução das condições impostas. Muitas vezes, a burocracia para executar o seguro é grande, com inúmeras condições, o que atrasa a liberação do recurso e, eventualmente, inviabiliza a execução.