Economia

FGV: alta na confiança da indústria em julho é discreta para ser comemorada

O avanço de 0,6% na confiança da indústria sinalizado na prévia de julho em relação ao mês anterior ainda não é sinal de uma retomada firme, ponderou o economista Aloisio Campelo, superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo ele, o resultado é mais uma “declaração de otimismo” vinda de alguns setores industriais. Há, porém, uma nova piora no ambiente político, e essas incertezas podem afetar os indicadores de confiança.

“O resultado ainda é muito discreto para ser comemorado. Ainda não houve uma virada na rota negativa da confiança”, afirmou Campelo. Em junho, a confiança cedeu 4,9% em relação ao mês anterior, atingindo o menor nível da série histórica, iniciada em abril de 1995.

A avaliação sobre o momento atual continua ruim. Segundo, o superintendente, as empresas ainda avaliam o momento atual como negativo, diante dos estoques elevados e da demanda fraca. Neste caso, a “calibragem” na confiança foi puxada pelas expectativas, com melhoras tímidas nos três indicadores: previsão de produção, de emprego e tendência dos negócios.

“Mas todos eles ainda retratam pessimismo. Ainda tem mais gente achando que o ambiente de negócios vai piorar e que vão demitir mais”, afirmou Campelo. “Além disso, o fator político voltou a piorar e é incerteza no momento. A questão ainda não está resolvida e pode afetar”, acrescentou.

Mesmo que a confiança entre, a partir de agora, em uma trajetória favorável, ainda levará um tempo até que os indicadores de produção voltem a dar sinais positivos, segundo o superintendente. “Essa tendência tem de ser confirmada nos próximos meses. Talvez o pior trimestre do ano tenha sido o segundo, mas até o fim de 2015 acho difícil ter uma melhora expressiva (na confiança)”, disse.

Além disso, a melhora por enquanto ocorre apenas nos bens de consumo duráveis e semi e não duráveis. A percepção é de que pode haver alguma melhora na demanda nos próximos meses. O otimismo, porém, não se verifica nos bens de capital, nos bens intermediários e na indústria de materiais de construção.

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