Estadão

FGV/Icomex: País exporta óleo 54% mais caro, mas paga 71% a mais por importações

O Brasil registrou uma alta de 54,1% nos preços de petróleo e derivados exportados ao resto do mundo de janeiro a setembro deste ano, ante o mesmo período do ano passado. No entanto, o País pagou 71,6% a mais pelas importações dessa classe de produtos no período, segundo os dados do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta terça-feira, 18, pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Além de pagar mais pelas importações, o volume de compras no exterior aumentou, enquanto as vendas externas diminuíram. O volume exportado de petróleo e derivados brasileiros caiu 5,4% de janeiro a setembro de 2022 ante janeiro a setembro de 2021. Já o volume importado cresceu 9,6% no período.

"O que confirma o argumento de que apesar do aumento nos preços exportados das commodities, o maior crescimento dos preços importados levou a uma piora nos termos de troca", apontou a FGV na nota de divulgação do Icomex.

A balança comercial brasileira alcançou um superávit de US$ 4,0 bilhões em setembro, levando a um saldo acumulado de US$ 47,7 bilhões no acumulado do ano. De janeiro a setembro de 2021, o saldo era maior, totalizando US$ 56,4 bilhões.

"A análise por tipo de indústria mostra que a piora no superávit comercial está associada, principalmente, à indústria extrativa. Enquanto o setor de agropecuária registrou um aumento de US$ 14 bilhões do seu superávit, a indústria extrativa reduziu seu saldo positivo em US$ 18,8 bilhões e a indústria de transformação aumentou o seu déficit em US$ 4,6 bilhões", apontou a FGV.

Quanto ao desempenho dos subsetores da indústria extrativa, a extração de carvão mineral aumentou seu déficit de US$ 1,8 bilhões de janeiro a setembro de 2021 para US$ 4,5 bilhões de janeiro a setembro de 2022. A extração de petróleo e gás natural elevou o superávit de US$ 16,9 bilhões para US$ 19,4 bilhões no período. A extração de minerais não metálicos ficou estável, e o superávit da extração de minerais metálicos diminuiu de US$ 38,5 bilhões para US$ 25,0 bilhões.

"Logo, o efeito de desaceleração do crescimento chinês, junto com a queda dos preços do minério de ferro, são os principais fatores para a piora do saldo da indústria extrativa", informou a FGV.

O Icomex ressalta ainda que o superávit da balança comercial brasileira permanece dependente da China. O Brasil acumulou um saldo positivo de US$ 36,2 bilhões no comércio com a Ásia de janeiro a setembro, sendo que a China contribuiu com US$ 24,3 bilhões. Os US$ 11,9 bilhões restantes de saldo com os demais países asiáticos superou o do comércio com a América do Sul, que rendeu superávit de US$ 10,7 bilhões ao Brasil, e com a União Europeia, US$ 6 bilhões.

O comércio com os Estados Unidos, segundo principal parceiro comercial do Brasil, rendeu um déficit de US$ 11,5 bilhões ao Brasil no acumulado do ano. O déficit brasileiro com a América do Norte como um todo é de US$ 10,4 bilhões.

O segundo maior déficit por regiões/blocos foi do comércio com a União Econômica Euroasiática – que inclui Rússia, Bielorrússia, Cazaquistão, Armênia e Quirguistão -, onde a Rússia contribui com um déficit de US$ 4,8 bilhões, o segundo maior déficit bilateral do Brasil, após os Estados Unidos.

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