O Indicador de Intenção de Investimentos da Fundação Getulio Vargas (FGV) recuou no segundo trimestre para o menor nível da série iniciada em 2012, sob influência da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, informou a fundação nesta quinta-feira (9). O indicador mede a disseminação do ímpeto de investimento entre as empresas, colaborando para antecipar tendências econômicas. Houve queda nos quatro setores pesquisados em relação ao primeiro trimestre e, à exceção da construção, os níveis alcançados foram os mais baixos da história.
A redução da indústria foi a mais significativa, de 119,5 pontos para 56,3 pontos. Além disso, pela primeira vez na série histórica, iniciada em 2016 nos demais setores, o menor patamar não ficou com o setor da Construção, que atingiu 64,6 pontos, de 107,7 anteriormente.
O segundo menor nível foi registrado pelo setor de Serviços, em que o Indicador de Intenção de Investimentos recuou de 117,1 pontos no primeiro trimestre para 58,4 pontos no período de abril a junho. No comércio, a queda foi de 126 pontos para 78,2 pontos.
À exceção da Construção, o mínimo anterior do Indicador de Intenção de Investimentos havia sido alcançado ao final da recessão de 2014-2016, no quarto trimestre de 2016, e era pelo menos 25 pontos superior ao registrado agora. Segundo a FGV, esta foi também a primeira vez em que o Indicador de todos os setores ficou abaixo dos 100 pontos, nível em que a proporção de empresas prevendo aumento no volume de investimentos produtivos nos 12 meses seguintes é inferior à daquelas que projetam redução.
"Considerando o patamar historicamente baixo e a elevada e persistente incerteza no País, fica difícil imaginar um cenário de recuperação completa do indicador no curto ou médio prazo", afirma Rodolpho Tobler, economista da Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).
Na sondagem, as empresas também são consultadas trimestralmente sobre o grau de certeza quanto à execução do plano de investimentos nos 12 meses seguintes. No segundo trimestre de 2020, a proporção de empresas incertas quanto à execução do plano de investimentos foi recorde na indústria (18,9% para 49,5%) e em serviços (30,4% para 66,5%). Comércio (26,8% para 41,1%) e construção (35,3% para 65,9%) tiveram variações abaixo do máximo histórico observado no segundo trimestre de 2016. A alta, em relação ao trimestre anterior, da proporção de empresas incertas em relação ao investimento neste trimestre foi recorde em todos os setores, diz a FGV.