Economia

FGV vê inflação no varejo seguir pressionada, mas espera IGP-M abaixo de 4%

A aceleração do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) na primeira prévia de dezembro foi causada principalmente pelos preços no varejo, avaliou o superintendente adjunto de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Passagens aéreas, gasolina, tarifas de energia elétrica e alimentos in natura pressionaram a inflação no início do último mês do ano, tendência que deve persistir até o fim do ano. Apesar disso, o IGP-M deve fechar 2014 com um resultado mais benigno do que no ano passado, abaixo dos 4%.

“Energia e gasolina devem continuar repercutindo nos grupos Habitação e Transportes. Então, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) não deve desacelerar muito. Além disso, é possível que Alimentação dê uma pequena acelerada, enquanto as passagens aéreas tendem a repetir a alta”, disse Quadros.

Na primeira prévia de dezembro, as hortaliças e legumes, influenciadas pelo clima, ficaram 4,62% mais caras, enquanto as carnes bovinas avançaram 3,31%. “Não diria que esses itens vão entrar em desaceleração imediatamente, pois a matéria-prima está em desaceleração muito discreta”, afirmou o superintendente. Além disso, subiram a tarifa de energia elétrica (2,27%), por conta do reajuste no Rio de Janeiro, a gasolina (2,31%), em função do reajuste de 3% no combustível nas refinarias desde 7 de novembro, e passagens aéreas (20,34%).

Com isso, o IGP-M subiu 0,63% na prévia anunciada nesta terça-feira, 9, ante 0,51% em igual medição de novembro. O ganho só não foi maior porque o atacado acelerou pouco, de 0,65% para 0,71%. “O IPA está em desaceleração e deve chegar no fim do mês com índice menor do que em novembro”, citou Quadros. Soja, bovinos e suínos subiram menos do que no mês passado, notou. “O efeito do choque que houve já está cedendo.”

Apesar disso, os efeitos das altas continuam se transmitindo para derivados. A carne bovina no frigorífico ficou 5,36% mais cara. Rações e o farelo da soja também subiram de preço no atacado.

“Não se repetirá outro IGP-M de 1%. Não tem razão para isso. A composição do índice mostra que ele está perdendo força”, disse Quadros, em referência ao resultado do IGP-M de novembro (0,98%). O superintendente ainda comentou que o indicador tem grandes chances de fechar o ano abaixo de 4%. Até a primeira prévia de dezembro, o resultado acumulado é de 3,69%. “A situação é extremamente favorável para que feche o ano abaixo de 4%.”

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