Em 15 de outubro, o HOJE trouxe reportagem revelando que a Igreja Mundial do Reino de Deus iria abrir um megatemplo, com capacidade para 150 mil fiéis, na avenida Monteiro Lobato, na área então ocupada pela empresa Itapemirim. Já naquela ocasião, os responsáveis pela igreja se recusaram em atender a reportagem, numa evidente demonstração de que não se importava em prestar qualquer informação à população local. Na época, o jornal já manifestava preocupação com os termos que levaram a abrir um tempo dessa magnitude naquela área, que tem acesso direto à rodovia Presidente Dutra e fica na principal ligação da região central com os populosos bairros além do Aeroporto. Nenhuma autoridade se manifestou.
Neste domingo, como era fácil de se prever para qualquer pessoa de bom senso, o caos. Na abertura do templo, sem qualquer planejamento viário para absorver o previsível aumento de tráfego gerado por veículos que levariam ao local – de uma só vez – 150 mil pessoas ao local, a cidade parou. E não foi só. Durante o domingo, desde as primeiras horas da madrugada até o início da noite, houve congestionamento nas rodovias Presidente Dutra, Ayrton Senna e Hélio Smidt, além de ruas e avenidas de Guarulhos. Quem chegava a São Paulo, vindo de viagens de final de ano, parou no trânsito por algumas horas. Quem precisava chegar ao Aeroporto também não conseguiu.
Pior ainda que a falta de planejamento é o desrespeito geral ao cidadão tanto pelos responsáveis pela igreja como das autoridades. Notas da NovaDutra e Polícia Rodoviária Federal deixam claro que o número de ônibus que se dirigiu ao local foi muito mais alto do que qualquer previsão. Já a Prefeitura de Guarulhos preferiu atribuir o caos à chuva que caiu no domingo e ao movimento de volta do feriado da Dutra. Que teria cumprido sua parte. Desta forma, ao negar a verdade dos fatos, fica claro que o problema pode se repetir toda vez que houver uma grande celebração.
A avenida Monteiro Lobato, naquele trecho, não tem as mínimas condições para receber os veículos necessários para o transporte de 150 mil pessoas. É duas vezes mais gente que um estádio do Morumbi lotado, por exemplo. Fundamental que a Prefeitura reveja imediatamente as condições em que tal projeto foi aprovado. Sob pena de prejudicar ainda mais a população guarulhense. Que não merece – em hipótese alguma – passar por isso.