O vice-presidente da Ford na América do Sul, Rogélio Golfarb, disse nesta quarta-feira, 21, que não há sinais de um processo de estabilização da retração do setor automotivo. “As vendas e a produção caíram, mas os estoques continuam resilientes, o que significa que o setor continua produzindo mais do que deveria”, disse, durante o congresso AutoData, em São Paulo.
Segundo ele, a resiliência dos estoques mostra que os cortes de produção realizados até agora não foram suficientes. “Temos espaço para cortar mais, apesar do PPE (Programa de Proteção ao Emprego) e apesar do lay-off”, afirmou. Em setembro, a produção de veículos caiu 42,1% em relação a igual mês do ano passado.
Em relação à Ford, Golfarb disse que os estoques da montadora estão em nível inferior à média do mercado. “Mas isso não significa que não temos de fazer ajuste”, ponderou. Ele declarou ainda que o segmento vive um problema de caixa, não de lucro. “O lucro é coisa do passado, agora o problema é falta de caixa para arcar com compromissos. Em um momento como este, fica mais agudo o dilema de subir ou não subir preço”, disse.
Investimentos da GM
A GM, embora esteja esperando uma nova retração do setor automotivo em 2016, mantém sua expectativa de investir R$ 13 bilhões no Brasil até 2019, afirmou o presidente da montadora na América do Sul, Carlos Zarlenga, no mesmo evento.
“Nossas decisões de investimento são de longo prazo e, portanto, não têm relação com o ambiente econômico. A indústria tem ciclos e neste momento não estamos mudando nossa perspectiva de investimentos”, disse o executivo. O plano de R$ 13 bilhões foi anunciado em julho, o dobro do que a montadora havia projetado inicialmente.
“O que podemos fazer é analisar quais produtos são mais atrativos, em quais segmentos seremos agressivos. No geral, vamos continuar acompanhando o mercado”, afirmou. Para 2016, a GM espera que o setor automotivo como um todo registre uma queda de 20% nas vendas em relação a 2015, para algo em torno de 2 milhões de unidades.
Na sua avaliação, 2016 representa um final de um ciclo de retração do setor iniciado há dois anos. “A partir de então poderemos ver algum crescimento”, disse Zarlenga. Para ele, o Brasil tem sido a principal preocupação da montadora na América do Sul, uma vez que os demais países da região apresentam crescimento.