Mundo das Palavras

Frei Carlos Josaphat

O convento dos dominicanos no bairro de Perdizes, de São Paulo, abrigou alguns  religiosos que estão, hoje, incorporados à História Recente do Brasil, como frei Tito de Alencar. Quase todos foram submetidos a sofrimentos brutais, nos centros de tortura instalados pela Ditadura Militar durante os anos de 1970. Antes deles, porém, outro religioso do convento já havia se tornado uma personalidade de expressão nacional na luta dos cristãos brasileiros por Justiça Social: frei Carlos Josaphat. No ano anterior ao Golpe Militar de 1964, se reuniram em torno de Frei Carlos jornalistas provindos do “Última Hora” paulista, na sustentação de uma ação política, em âmbito nacional, guiada pela Doutrina Social da Igreja, particularmente pelas encíclicas do papa João XXIII, através de um tablóide mensal, o “Brasil, Urgente”.


Deste que começou a circular, o “Brasil, Urgente” conseguiu atrair para a sua rede de colaboradores alguns dos maiores intelectuais e artistas do país como Murilo Mendes, Lígia Fagundes Telles, Antônio Abujamra, Claudius, Paulo Emílio Salles Gomes, Alfredo e Ecléa Bosi.


Após a instalação da ditadura, frei Carlos Josaphat foi obrigado a viver fora do Brasil, uma pena que foi imposta a muitos professores universitários, artistas e jornalistas. Só retornou a São Paulo 26 anos depois. 


Em 2002, porém, o religioso teve, por fim, um amplo reconhecimento do valor de sua pregação social. Seu célebre livro, editado nos anos de 1960, “Evangelho e Revolução Social”, foi republicado pela Editora Loyola.


E a ordem dominicana em São Paulo organizou a edição de outro livro – “Utopia Urgente” – em homenagem aos seus 80 anos de idade. Para esta obra contribuíram, com artigos, antigos companheiros seus do “Brasil, Urgente”, como o cartunista Claudius e o casal Alfredo e Ecléa Bosi e outras grandes personalidades da Igreja Católica, como dom Paulo Arns, dom Pedro Casaldáglia, e, ainda os intelectuais Plínio de Arruda Sampaio, Antônio Cândido, Carlos Rodrigues Brandão, Dalmo de Abreu Dallari, José Comblin, e, José Oscar Beozzo.

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