Estadão

Freud entre Deus, memória e a realidade do regime nazista

O Grupo Tapa, uma das mais importantes companhias brasileiras de teatro, está de volta aos palcos com nova temporada do espetáculo <i>Freud e o Visitante</i> no Teatro Ruth Escobar.

O texto é do escritor belga Éric-Emmanuel Schmitt e mostra Sigmund Freud em um embate com um visitante desconhecido dias após a anexação da Áustria pela Alemanha.

Tudo começa quando um oficial nazista, irritado com os comentários da filha do pai da psicanálise, Anna, resolve levá-la para ser interrogada. Freud recorre então à princesa Marie Bonaparte e, enquanto aguarda, descobre em seu apartamento o visitante misterioso.

Uma alucinação, uma lembrança, um sonho, o inconsciente do próprio Freud se manifestando? Não há resposta – e ela de fato pouco importa. Centrais, na verdade, são as lembranças e reflexões que o encontro provoca.

Um outro ponto importante é abordado. Freud tem à sua frente uma carta que garantirá a ele e à filha Anna a possibilidade de deixar a Áustria e buscar refúgio em Londres. Para tanto, porém, ele precisa assinar embaixo do texto, no qual ele afirmaria nunca ter sido incomodado pela polícia oficial nazista, o que leva o psicanalista a refletir sobre uma questão ética fundamental.

"O desconhecido que encontra Freud vai atingindo várias personalidades ao longo da peça. Pode ser um louco que fugiu do hospício, um homem que assedia Anna no parque, uma manifestação do inconsciente ou quem sabe, Deus. Afinal seria mais fácil, naquele momento, se Freud não fosse ateu", explicou o diretor Eduardo Tolentino na época da estreia da produção.

<b>Freud e o Visitante </b>
Texto de Éric-Emmanuel Schmitt
Teatro Ruth Escobar.
R. dos Ingleses, 209.
6ª a domingo, 20h. R$ 80.
Até 1º/9

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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