Promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) já admitem possível envolvimento de policiais com o roubo milionário da empresa de transporte de valores Protege, na madrugada de 14 de março, em Campinas. Em depoimento prestado nesta terça-feira, 3, os investigadores presos por suspeita de corrupção não conseguiram explicar a origem de carregadores de fuzil encontrados no apartamento de um deles. Os municiadores são da mesma marca dos fuzis encontrados em um galpão usado pela quadrilha que realizou o assalto.
No roubo, foram levados cerca de R$ 50 milhões. Na casa do mesmo policial, lotado no 2º Distrito Policial, unidade que estava à frente das investigações do assalto e a qual pertencem os demais detidos, foram encontrados também R$ 5,5 mil em dinheiro. Para o promotor Jandir Moura Torres Neto, as explicações dadas pelos agentes não foram esclarecedoras, o que fez aumentar a suspeita de possível ligação com o roubo da Protege. “É estranho serem carregadores semelhantes ao que foram apreendidos nas operações de investigação do roubo”, disse.
Anteriormente haviam sido apreendidos R$ 410 mil na residência de outro investigador. Foi constatado que o dinheiro fazia parte dos lotes roubados da Protege. Os promotores também estranharam o fato das investigações terem ficado com o 2º DP, quando normalmente são realizadas pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG). Durante os depoimentos, o policiais negaram participação em qualquer delito, mas não deram explicações sobre o dinheiro e o material apreendidos. Os depoimentos duraram cerca de 7 horas, terminando no final da noite.
Foram ouvidos os quatro policiais e um advogado presos durante operação do Gaeco e da Corregedoria da Polícia Civil, no dia 26 de março. Um quinto policial suspeito está foragido. O prazo para a conclusão do inquérito vence nesta quinta-feira, 5. Os promotores podem pedir a prisão preventiva dos suspeitos. Na operação, foram presos ainda um delegado do 4º Distrito Policial e o escrivão que trabalhava com ele. Nesse caso, não há relação com a investigação da Protege. A suspeita é de cobrança de propina para liberar pessoas detidas ou veículos apreendidos.