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Genética explica reação diferente ao vírus Ebola

Indivíduos infectados com o vírus Ebola reagem à doença de diferentes maneiras. A explicação para essa variabilidade pode estar nas diferenças genéticas entre os pacientes, de acordo com um novo estudo realizado nos Estados Unidos e publicado na quinta-feira, 30, na revista Science.

Ao serem infectados pelo vírus, alguns pacientes resistem à doença, outros se recuperam depois de reações moderadas ou severas, enquanto os demais sucumbem por hemorragia, choque e falência múltipla dos órgãos. Estudos anteriores já mostravam que as diferenças entre as reações não estavam ligadas a mudanças específicas no vírus. A partir de um inédito modelo de camundongo criado para estudar a doença, a nova pesquisa apontou que os fatores genéticos de cada paciente são os principais determinantes da severidade da doença.

De acordo com uma das autoras, Angela Rasmussen, da Universidade de Washington, o novo modelo de camundongo auxiliará no desenvolvimento de terapias e vacinas contra o Ebola. “Até agora, era inviável estudar o Ebola em camundongos – e isso atrasou as pesquisas. Com o uso desse novo modelo, cientistas terão como encontrar marcadores genéticos, estudar como os sintomas aparecem e avaliar a ação de drogas.”

Os modelos de camundongos que existiam, segundo ela, não se prestavam ao estudo da infecção em humanos, porque os animais infectados morriam sem apresentar os principais sintomas da doença. Obtido com o cruzamento de cinco linhagens de camundongos de laboratório e três linhagens selvagens, o modelo foi originalmente concebido para estudar os locais do genoma associados à severidade da gripe comum. “Ao serem infectados com uma forma do vírus Ebola específica de camundongos, eles apresentaram, como os humanos, diferentes reações à infecção – alguns foram mais suscetíveis, outros mais resistentes.”

Segundo ela, todos os camundongos apresentaram perda de peso nos primeiros dias após a infecção. Alguns deles, 19%, ficaram imunes, reverteram a perda de peso em duas semanas e não apresentaram modificações no fígado. Outros 11% se mostraram parcialmente resistentes à doença – e menos da metade deles morreu. O maior grupo, de 70%, teve mortalidade acima de 50%.
No último grupo, 19% dos animais tiveram inflamações hepáticas, sem outros sintomas, enquanto 34% registraram atraso na coagulação do sangue – uma marca típica da doença em humanos -, além de hemorragias internas, baço inchado e modificações no fígado.

Mecanismos

“Há uma clara correlação entre essas diferentes reações à infecção, as variações nas taxas de mortalidade e alguns genes específicos encontrados nos camundongos. Além disso, a frequência das diferentes manifestações da doença entre os camundongos foi similar às proporções encontradas entre humanos neste surto de Ebola.” Segundo a pesquisadora, o novo modelo poderá ser usado para compreender os mecanismos de replicação do vírus. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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