A geração de vagas deve continuar baixa nos próximos meses e as famílias de baixa renda foram as que se mostraram menos confiantes com o mercado de trabalho no mês de julho. “Em geral, essas pessoas são mais otimistas. Mas parece que o pessimismo em relação ao futuro do emprego está chegando mais abaixo”, observou o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Segundo o economista, o pessimismo tem como pano de fundo a perda de ritmo em setores como comércio e serviços, e isso pode afetar as decisões de consumo entre as famílias, uma vez que elas esperam crescimento menor da renda ou até mesmo redução. “A desaceleração de consumo ocorre principalmente nas classes mais baixas, e isso tem relação com o desaquecimento no mercado de trabalho”, disse.
Hoje, a FGV informou que o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) subiu 0,6% em julho ante junho, puxado pela piora na percepção das famílias com renda até R$ 2,1 mil por mês. Já o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) teve redução de 1,6% no período, diante de menor intenção de contratações na indústria, no comércio e nos serviços.
Apesar dos resultados, a taxa de desemprego deve continuar baixa, disse Barbosa Filho, mas devido à menor procura por trabalho. “Não esperamos recuperação na geração futura de vagas”, assegurou. De acordo com o economista, o ICD em alta indicaria aumento na taxa de desocupação, mas o maior contingente de inativos, que não buscam emprego, tem distorcido esse efeito.
“A tendência continua de alta do desemprego, mas não conseguimos reproduzir a trajetória da Pnea (População não economicamente ativa), por isso a diferença”, explicou. Para este ano, contudo, o economista não espera nenhum ajuste drástico no mercado de trabalho ou na renda, algo considerado necessário pelo mercado para melhorar indicadores de inflação e crescimento do País. “O mercado de trabalho continua andando de lado”, disse.