A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o partido avaliará a possibilidade de ter candidato próprio ao comando da Câmara em 2025, quando Arthur Lira (PP-AL) não poderá concorrer a um novo mandato no cargo. Apesar de faltar mais de um ano para a corrida eleitoral do Congresso, as articulações nos bastidores para a sucessão na Casa já começaram. Pelo menos cinco partidos indicaram que podem ter nomes na disputa.
"Estão grandes as movimentações políticas, extemporâneas por sinal, para a sucessão da presidência da Câmara dos Deputados. É importante esclarecer que o PT ainda não discutiu o assunto, o fará no momento oportuno, com a direção nacional em conjunto com sua bancada, a bancada da Federação e dos demais partidos próximos, avaliando, inclusive, a possibilidade de lançar candidatura própria ou de seu campo político", publicou Gleisi hoje, na rede social X (antigo Twitter).
A última vez que o PT teve candidato próprio ao comando da Câmara foi em 2015, quando Eduardo Cunha, então deputado pelo MDB do Rio de Janeiro, se elegeu e derrotou Arlindo Chinaglia (PT-SP), que havia sido lançado na disputa pela então presidente Dilma Rousseff. O episódio é apontado até hoje como um dos fatores que contribuíram para a animosidade entre a petista e Cunha, o que culminou no impeachment, em 2016.
Neste ano, no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva à frente do Palácio do Planalto, o PT decidiu apoiar a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) ao comando da Câmara, apesar de atritos entre o petista e o deputado alagoano durante a campanha eleitoral de 2022. A avaliação de petistas era de que a vitória de Lira já estava dada e, por isso, lançar um candidato próprio seria cometer o mesmo equívoco de Dilma.
<b>Corrida pela sucessão de Lira</b>
Como mostrou hoje o <i>Broadcast Político</i>, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, tem afirmado que o partido terá candidato próprio à Presidência da Câmara em 2025. Nos bastidores, membros de outras siglas e integrantes do próprio PL, porém, veem no movimento uma estratégia de Valdemar para barganhar cargos na Mesa Diretora da Casa, além de relatorias de projetos importantes e presidências de comissões. O objetivo também seria manter protagonismo político nas articulações em Brasília com foco na eleição geral de 2026.
Há também quem avalie que o dirigente não descarta uma eventual divisão dos outros partidos, com uma pulverização de candidaturas que beneficie o PL. O nome natural da sigla para a disputa é o líder da bancada na Câmara, Altineu Côrtes (RJ). "Ele insiste em ser candidato", disse ao <i>Broadcast Político</i> um parlamentar da sigla, que preferiu falar sob reserva. Outro possível candidato é o deputado Wellington Roberto (PL-PB).
Nos bastidores, fala-se que o "candidato do coração" de Lira para 2025 é Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil na Câmara. A proximidade entre os dois, que chegaram a viajar juntos para o cruzeiro do cantor Wesley Safadão, em julho, nos Estados Unidos, é o maior trunfo do deputado baiano, mas Elmar não é unanimidade entre os pares. Muitos o veem como alguém avesso ao diálogo e mais preocupado com questões regionais, além de ter um histórico de atritos com o PT na Bahia.
Presidente nacional do Republicanos e vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (SP) é outro que tem atuado para concorrer ao comando da Casa. O parlamentar tem se apresentado como um "cumpridor de acordos", característica também usada por deputados para justificar o apoio que deram nos últimos anos a Lira.
Pereira tem buscado fazer acenos ao governo, que tende a influenciar a disputa nos bastidores, como na tentativa de votar o projeto de lei sobre a taxação de fundos de alta renda mesmo com Lira fora do País. O impasse para o embarque do Palácio do Planalto na candidatura, contudo, é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, integrante do Republicanos e ligado a Bolsonaro.
Outro nome que tem ganhado força é o do líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA), que é visto como alguém que tem diálogo com todos, além de ser o mais próximo de Lula entre os possíveis candidatos. Caso eleito, ele seria o primeiro deputado negro a comandar a Casa, o que também poderia agradar ao Planalto, que tem um discurso de defesa da diversidade.
Brito foi praticamente lançado na disputa pelo presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, durante um jantar de comemoração dos 12 anos do PSD. Lideranças da Câmara, contudo, temem a influência de Kassab nos rumos da Casa caso o deputado seja eleito, devido à proximidade entre os dois.
Correndo por fora, está o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL). O nome do parlamentar é citado nos bastidores como uma alternativa para a disputa, mas alguns deputados veem a proximidade dele com o senador Renan Calheiros (MDB-AL) como um empecilho. Renan e Lira são ferrenhos adversários políticos em Alagoas.
Um grupo de deputados também não descarta que Lira esteja preparando uma candidatura do próprio PP para sua sucessão. Nesse caso, o nome seria o do atual líder da bancada na Casa, Doutor Luizinho (RJ), que assumiu o posto após a ida de André Fufuca (PP-MA) para o comando do Ministério do Esporte.