Estadão

Governo argentino fecha acordo com supermercados para limitar aumentos em 5% ao mês

O governo da Argentina fechou um acordo de preços com supermercados, depois de intervir no câmbio e nos combustíveis, em meio à instabilidade econômica no país.

De acordo com o anúncio do ministro da Economia, Sergio Massa, na sexta-feira, 19, os supermercados e atacadistas irão limitar em 5% os aumentos mensais em produtos de consumo amplo e popular pelos próximos 90 dias. Em troca, as empresas receberão benefícios fiscais.

Massa informou ainda que o governo firmou acordo com laboratórios farmacêuticos argentinos para congelar os preços de medicamentos.

<b>Combustíveis</b>

Na quinta-feira, 17, Massa anunciou um acordo para congelar os preços dos combustíveis no país até 31 de outubro. Em 22 de outubro, haverá o primeiro turno na disputa presidencial, com Massa entre os candidatos.

"Concordamos, após um trabalho de entendimento entre as refinarias, os produtores e o Estado, que não haverá mais aumento de combustíveis até 31 de outubro", afirmou Massa no X (ex-Twitter). Também houve declarações do ministro à imprensa sobre o assunto.

Massa ficou em terceiro lugar nas primárias do último domingo, 13, vencidas por Javier Milei. O país enfrenta inflação superior a 100% ao ano e analistas preveem que ela acelere, com as turbulências nos mercados locais dos últimos dias e o forte aumento na taxa de juros adotado nesta semana pelo Banco Central da República Argentina (BCRA), após a vitória do polêmico libertário Milei.

<b>Câmbio</b>

Também na quinta-feira, o governo argentino fixou a taxa de câmbio até 30 de outubro, após a desvalorização de 22% que ocorreu no dia seguinte às eleições primárias para as presidenciais. A medida foi feita a pedido do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Banco Central argentino desvalorizou o peso em 22% em relação à taxa de câmbio oficial no mercado atacadista na segunda-feira, 14, levando-o a 350 pesos por dólar, em um contexto em que as autoridades vinham defendendo uma taxa de câmbio oficial com um valor equivalente à metade das taxas paralelas, aplicando fortes restrições para acessar o mercado oficial de câmbio. O movimento se deu em meio às turbulências provocadas pela vitória de Milei.

<b>FMI</b>

Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) informou na sexta-feira, 18, que se reuniu com dois candidatos à Presidência da Argentina, Javier Milei e a conservadora Patricia Bullrich, "para entender suas prioridades econômicas".

O FMI acompanha de perto a corrida eleitoral no país sul-americano, com o qual assinou um programa de crédito em 2022. Pelo programa, a Argentina recebe US$ 44 bilhões (R$ 218,7 bilhões, na cotação atual) em 30 meses, em troca de o banco central aumentar suas reservas internacionais e o governo reduzir o déficit fiscal.

Dario Epstein, assessor econômico de Milei, afirmou na rede social X, antigo Twitter, que o candidato expôs sua visão e disse: "Nós não vamos dar um calote no FMI nem na dívida soberana".

No início da semana, o FMI se reuniu com Bullrich, defensora da manutenção de uma economia bimonetária, com a moeda local, o peso, e o dólar.

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