O governo de Minas emitiu alerta para que agentes penitenciários evitem ser identificados e tomem cuidado ao circular em locais públicos, ante o risco de ser atacados por organizações criminosas. O aviso foi distribuído na última terça-feira, 17, horas após uma rebelião ser controlada no Presídio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na Grande Belo Horizonte.
Num memorando circular enviado a assessores de inteligência do governo, a Subsecretaria de Administração Prisional (Seap) informou que, “tendo em vista o atual cenário do sistema prisional nacional”, os agentes penitenciários não devem transitar ou se deslocar de casa para o trabalho, e vice-versa, usando uniforme ou qualquer peça do traje.
O documento diz que eles também devem mudar rotas de acesso frequentemente, a fim de evitar trajetos rotineiros, além de manter “estado de atenção elevado” em dias de folga e em eventos sociais. Outra recomendação é evitar qualquer postagem em redes sociais que exponha ao público dados que vinculem o profissional à sua atividade.
A rebelião na Dutra Ladeira, segundo o governo do Estado, foi uma reação à mudança na direção da unidade, no fim do ano. Com isso, o controle da entrada de drogas e celulares teria ficado mais rigoroso, suscitando a reação dos presos. Parentes de detentos afirmaram à imprensa que houve maus tratos.
Fontes ligadas à Seap divulgaram áudios com supostas ameaças de presos da unidade a policiais e servidores das penitenciárias mineiras. O órgão não confirmou a origem nem autenticidade das gravações. Em nota, informou que elas estão sendo investigadas pelo Setor de Inteligência do Sistema Prisional e serão encaminhadas à Polícia Civil.
Os áudios atribuídos aos presos revelam combinações para atacar agentes penitenciários e policiais, identificados como “botas”, em retaliação ao tratamento intramuros.
Numa das conversas, dois homens planejam seguir servidores da segurança pública na saída do trabalho para atacá-los. Em outro áudio, um dos homens fala de um manifesto a ser iniciado na Dutra Ladeira e sugere uma mobilização de presos em outras unidades para “meter fogo” em policiais.
A Seap informou, em nota, que as recomendações do memorando “são antigas e, eventualmente, reiteradas” aos agentes de segurança penitenciários. “Não se trata de um caso excepcional”, alegou.
O órgão explicou que faz monitoramento preventivo da situação nas prisões “de forma constante, por meio do serviço de inteligência e da integração com as forças de segurança”.