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Governo retalia após derrota no Senado

O Planalto reagiu nessa quarta-feira, 21, à derrota na votação da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado ao exonerar dois indicados do senador Hélio José (PMDB-DF) de órgãos ligados ao Executivo. O peemedebista foi um dos três senadores da base que ajudaram a derrubar, anteontem, relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) a favor da reforma. Além disso, o governo está fazendo mapeamento de outros cargos ligados ao senador – mais um deve ser exonerado hoje. Os outros dois parlamentares que votaram contra foram o tucano Eduardo Amorim (SE) e Otto Alencar (PSD-BA).

A retaliação foi interpretada por alguns senadores como uma forma de o governo tentar conter uma possível debandada de aliados em um momento em que o presidente Michel Temer atravessa grave crise política. Embora governistas tenham minimizado a derrota na comissão, o resultado da votação mostrou que há divisões na base aliada. Um dos pontos de preocupação está na relação com o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL), que tem adotado discurso contrário às reformas e influenciado as dissidências. A “traição” de Hélio José, por exemplo, é atribuída a Renan.

O senador do DF havia dito a governistas que não participaria da sessão até o dia anterior, alegando sentir dores na coluna. No dia da votação, porém, apareceu “escoltado” por Renan. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), queria que Hélio José fosse substituído pelo seu suplente, Garibaldi Alves (PMDB-RN), favorável à reforma.

Renan evitou falar da sua participação na derrota governista e cobrou mais diálogo do Planalto com a base. “O resultado significa que o Parlamento está dividido. Seria a hora de o governo chamar todo mundo para discutir mudanças na medida provisória que trata da reforma.”

Ontem, porém, o próprio Hélio José admitiu a influência do líder da bancada. “O Renan tem uma posição que é claro que influencia”, disse.

Após perder os cargos na Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) e na Superintendência do Distrito Federal da Secretaria de Patrimônio da União (SPU-DF), Hélio José cobrou a renúncia de Temer. “Nós não podemos permitir que o governo transforme votações em balcão de negócios. Esse governo está podre. Esse governo corrupto tinha de ter vergonha na cara e renunciar”, disse.

A estratégia de retaliar aliados já havia sido adotada com o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), no fim de maio, após ele adotar discurso contrário à reforma. O Planalto exonerou à época sua indicada para a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

Tucanos

Outra relação conflituosa tem sido mantida com o PSDB, que tem cinco ministérios. Mesmo com a decisão da Executiva tucana de permanecer na base, a aliança voltou a ficar estremecida após o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) culpar o partido pela derrota na comissão. O Planalto ainda não decidiu o que fará com o PSDB, mas a ordem por enquanto é tentar minimizar o desgaste.

O atrito provocado pela derrota na CAS reforçou os argumentos de tucanos insatisfeitos. “Quando o governo ganha dizem que Temer mostra força, quando perde colocam a culpa no PSDB. Até quando o PSDB vai aceitar ser a Geni de Temer?”, disse o deputado Daniel Coelho (PE), um dos “cabeças pretas” da Câmara, ala que defende que a sigla entregue seus cargos na gestão peemedebista.

Mesmo entre os caciques tucanos o sentimento era de insatisfação. A avaliação de alguns parlamentares é de que foi o presidente que errou ao levar o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), e o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) para acompanhá-lo na Rússia. “O governo levou todo mundo para Moscou e esqueceu da votação”, disse o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), presidente interino da sigla.

A declaração de Moreira incomodou até mesmo Jucá, demonstrando falta de alinhamento entre os principais articuladores políticos de Temer.

Outra leitura sobre o episódio é que, diante da crise no governo, os parlamentares do Nordeste estão desconfortáveis em votar a favor da reforma. Isto porque Temer tem os piores índices de aprovação na região. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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