O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, disse nesta segunda-feira, dia 1º, que o acordo firmado entre o Mercosul e a União Europeia (UE) na semana passada também tem mérito de governos passados que fizeram andar as negociações ao longo dos últimos anos. Segundo ele, porém, houve mudanças de paradigmas da gestão atual, sob a liderança do presidente Jair Bolsonaro e seus ministros, para que o acordo fosse selado.
“Os temas que restavam sobre a mesa eram muito complexos de serem concluídos. A nossa percepção era a de que o acordo estava travado talvez por uma ideia equivocada do que hoje são as relações de comércio no mundo”, afirmou. “Temos hoje um comércio internacional fragmentado em suas cadeias de valor, enquanto Brasil e Mercosul ainda negociavam sob a lógica da substituição de importações”, comentou.
Ferraz lembrou que hoje as fábricas são mundiais, com grande fluxo de comércio de bens intermediários. “Brasil e Mercosul precisam se integrar em cadeias globais de suprimento e o acordo com a União Europeia é uma grande janela de oportunidade para trilhar esse caminho”, afirmou.
Para o secretário, as concessões feitas pelo Brasil no acordo não devem ser encaradas como derrotas. “Não existem vencedores e perdedores. Aberturas comerciais geram ganhos mútuos”, enfatizou.
Segundo Ferraz, o acordo traz flexibilização de regra de origem, principalmente em relação a insumos e deve trazer ganhos de eficiência em serviços, com destaque para os trabalhos de cabotagem no Mercosul. “Também acabamos com a taxa de farol paga pelos navios europeus desde a abertura dos portos pelo Rei Dom João VI, com reciprocidade para os navios brasileiros na Europa”, destacou.
Aprovação
Lucas Ferraz também afirmou que o Mercosul discute regra para que acordos comerciais comecem a valer em cada país membro tão logo o Parlamento de cada um os ratifique. Atualmente, as regras exigem que todos os Parlamentos aprovem o texto final antes que o acordo possa começar a valer.
Já o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, minimizou as resistências que podem haver em Parlamentos europeus sobre a aprovação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, sobretudo pelas pressões de ruralistas franceses e metalúrgicos alemães. “A União Europeia tem ganhos significativos com o acordo, equivalentes aos nossos”, disse.