A presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou nesta quarta-feira, 17, que havia sido avisada de que a funcionária Venina Velosa da Fonseca procuraria a imprensa em retaliação à decisão da empresa de afastá-la do cargo. Venina era chefe do escritório da Petrobras em Cingapura e foi afastada do cargo pela comissão interna que apura desvios de recurso.
“Em 2009, Venina teve uma briga com o Paulo Roberto (ex-diretor de Abastecimento). Não sei o porquê. Quando ela conversou comigo sobre a área de comunicação, foi a primeira vez que soube que eles tinham se desentendido. E eu falei com o Paulo Roberto: você e Venina precisam conversar”, afirmou durante encontro de fim de ano com a imprensa, na sede da empresa, no centro do Rio.
Graça destacou a aproximação de Venina com o ex-diretor Paulo Roberto Costa, delator na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. “Eles trabalharam juntos por anos”, afirmou.
Já em outubro de 2011, relatou Graça, Venina enviou novo e-mail falando de esquartejamento de projeto. “Não sei o que é esquartejamento de projeto. De novo levei o assunto para o Paulo Roberto e disse: a Venina se ressente e diz em ineficiência. Eu era diretora e o Gabrielli, presidente. Como presidente da Petrobras, depois, ela mandou e-mail e eu enviei para o jurídico, para que fossem feitas as ações cabíveis. Nós diretores sabemos o que vai para a reunião de diretoria. Não tenho como saber a outra parte”, disse a presidente da Petrobras.
Graça informou que, com comissões internas que apuram desvios de recursos na Refinaria Abreu e Lima e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), 12 funcionários perderam cargos de confiança. Nenhum deles foi exonerado. “Não se trata de ação sobre a Venina. Vários colegas nossos perderam as posições. Aqui a investigação só começou”, afirmou.
Depoimento
A executiva afirmou ainda que a Lava Jato “adentrou” a Petrobras e influenciou a rotina da empresa. “Sabemos que o trabalho da Polícia Federal está ensinando muito à Petrobras”, disse.
Graça ressaltou ainda que, em 8 de outubro, teve acesso ao depoimento de Costa, quando “tomou ar de realidade” as denúncias de corrupção na empresa.
Segundo a presidente da Petrobras, a partir das delações, a diretoria foi obrigada a aceitar a convivência com “palavras” que, até então, queria negar. Entre as palavras, enumerou: “cartelização, preço excedente e recebimento de propina”.
Graça falou também dos efeitos da Lava Jato nas finanças da companhia, destacando que pela primeira vez na história o balanço não foi auditado. Ela atribuiu a decisão de não divulgar o balanço do terceiro trimestre deste ano às denúncias feitas por Costa, mas também a “calúnias”.
“Consideramos prudente que o balanço não fosse apresentado ainda, porque existe um conjunto de informações que não estão prontas para serem apresentadas à sociedade”, afirmou. Segundo ela, novas delações podem representar novas baixas nos ativos. Assim, segundo Graça, a empresa seria obrigada a revisar o resultado.