Querendo aparecer um pouco, o prefeito Sebastião Almeida (PT) decidiu sair um pouco de seu gabinete e vistoriar algumas obras na cidade. Bastou dar uma olhada nos relatórios de execução, para perceber que não havia muito o que ver. Então, já que só tem tu, vai tu mesmo – como se diz por aí.
Foi lá o prefeito para vistorias as obras da Jamil João Zarif, única via que liga as regiões do Taboão e São João, com um apêndice (vergonhoso, diga-se) para o Aeroporto, por meio de uma cancela de controle de acesso. Quem imaginava que ele falaria de um grande projeto para duplicação da via ou mesmo reestruturação, logo percebeu que se tratava de mais uma conversa para boi dormir. A grande obra na Jamil Zarif não passa do asfaltamento do acostamento da via, que beira o Baquirivu, e várias vezes já desmoronou córrego adentro. Nada mais do que isso.
E ainda teve gente comemorando, quando um prefeito – em seu quinto ano de mandato, sendo do mesmo partido que administra o país e, volta e meia, anuncia grandes investimentos para os aliados – deveria estar já inaugurando um grande complexo viário ligando regiões tão importantes da cidade. Talvez valesse até bater de frente com a empresa que administra o Aeroporto Internacional, para fazer – de uma vez por todas – uma ligação direta para a rodovia Hélio Smidt, que passa ali ao lado e serviria para desafogar boa parte do estrangulado trânsito da região.
Passaram três dias e o prefeito voltou para a rua a fim de vistoriar mais uma obra. Desta vez, a abertura de canteiros centrais, mudança de mãos de direção e colocação de semáforos em dois cruzamentos da avenida Tiradentes, na confluência da Vila São Jorge com Jardim Pinhal, na região central. A adequação viária – chamada de obra pelo prefeito sem obras – é algo mais do que óbvio e, sabe-se lá por quais motivos, estava engavetada há nada menos do que oito anos. Talvez algum grande mecenas que domina aquela região e não tivesse interesse em facilitar a vida do povo possa dar alguma explicação. Mas isso é outra história.
Ainda falando das realizações do prefeito, vale lembrar que – movido por força de uma ação no Ministério Público – ele foi obrigado a fazer seus amigos donos das empresas de ônibus a colocarem mais coletivos nas ruas já que, desde a proibição de circulação das vans, os passageiros tiveram que se apertar um pouco mais para conseguir utilizar o transporte público da cidade.
Para dar uma enroladinha a mais e empurrar o problema para frente, o prefeito agora acha normal que as empresas coloquem nas ruas ônibus velhos, fora dos padrões locais, pintados com o nome da cidade de Campinas. Sim, ônibus assim começaram a rodar em Guarulhos. Mais uma grande demonstração de que, para essa administração, o cidadão tem que se contentar com qualquer coisa.
Só para lembrar: aqueles belos ônibus articulados desapareceram de novo de Guarulhos. Simples: enquanto faz obrinha para a mídia governista engolir, a cidade segue sem corredores exclusivos. Assim, não espanta que esses veículos que já vieram duas vezes fazer testes e posar para fotos tenham ido embora sem ao menos deixar saudades.