Opinião

SEMPRE SEREMOS TÃO JOVENS

Nesta coluna, o jornalista Ernesto Zanon conta como foi assistir no dia da estréia o filme Somos tão jovens, que mostra a história de Renato Russo, líder do Legião Urbana.

Como fã incondicional de Renato Russo (isso pode ser considerado algo não permitido nos manuais de jornalistas, mas não ligo), não poderia deixar de assistir no dia da estreia “Somos tão jovens”, o filme que relata o início da carreira de um dos maiores ídolos da música brasileira.


 Sem medo de ser feliz, as lágrimas correram desses olhos castanhos, pouco antes do final, já quando estava convencido de que o cinema brasileiro conseguiu retratar com requintes de realidade impressionante a vida do gênio. Sem escamotear seus vícios, suas preferências sexuais, suas atitudes antipáticas. Mas também sem expor – de forma desnecessária – temas que devem ficar em segundo plano numa história biográfica.


Renato – ou Rei Nato, como gostava de ser chamado por seus alunos de inglês – era genioso, além de gênio. Era carinhoso. Exalava amor em suas relações próximas, que incluem a grande e inseparável amiga de infância Aninha, a irmã, os pais – principalmente a mãe Dona Carminha – e os amigos de balada.


Somos tão jovens mostra como Herbert Vianna, do Paralamas, deu uma mão enorme para a explosão da Legião, que surgiu sim após um catado de músicos em Brasília. Neste ponto, não há ciumeira, algo tão comum no mundo das estrelas. Legião chegou onde chegou por seus méritos sim. Mas não fosse o empurrão do Paralamas, o caminho poderia ser outro.


Também mostra como era sua relação com os hoje Capital Inicial, Dinho Ouro Preto e Fê Lemos, na época do Aborto Elétrico, as brigas e discórdias tão comuns em bandas de garagem. O Trovador Solitário serviu para dar pano de fundo a um dos momentos de maior criação de Renato. Tempos em que surgiram Eduardo e Monica, Faroeste Caboclo, Geração Coca Cola, Eu Sei, entre outras.


Há que se tirar o chapéu para  Thiago Mendonça, o jovem ator que representou com maestria o papel de Renato. Ele incorpora o personagem. Tem momentos que você vê o próprio Renato em cena, já que a semelhança vai além dos traços físicos chegando a detalhes de forma de olhar, falar, agir.


Mas as lágrimas, como já citei, vieram em um momento que – para mim – pode ser considerado o ápice da obra. Ainda é cedo. Para tanta coisa. Aliás, talvez por isso mesmo, dá para afirmar sem medo de errar: somos tão jovens.

Posso ajudar?