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Greve prejudica consultas, cirurgias e atendimento no Hospital São Paulo

A paralisação de médicos residentes obrigou o Hospital São Paulo a remarcar consultas, suspender cirurgias eletivas e restringir atendimento aos casos de emergência. A categoria, que representa um terço do quadro de profissionais da instituição, cruzou os braços nesta terça-feira, 23, por melhores condições de trabalho.

Atualmente, 1.100 residentes atuam no Hospital São Paulo, vinculado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Por causa da greve, apenas 30% desses profissionais foram mantidos trabalhando normalmente, para garantir atendimento aos pacientes do pronto-socorro e com risco de morte.

De muletas, a dona de casa Maria Conceição Barros, de 59 anos, que há dez anos faz tratamento por problemas de trombose venosa, saiu do hospital sem ser atendida. Segundo afirma, já passou por cinco cirurgias no próprio Hospital São Paulo em decorrência da doença, e faz consultas duas vezes por mês.

Moradora da zona oeste, Maria Conceição precisou pegar três ônibus e um metrô para chegar ao hospital. Lá, acabou orientada a procurar um posto de saúde. “Sinto dores na perna e dificuldade para caminhar. Agora nem sei que rumo vou tomar”, diz.

A bartender Lucineia Silva, de 38 anos, veio de ainda mais longe. Ela precisou acompanhar a mãe, Zulmira Sousa, de 78, que é cadeirante, de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, até a Vila Clementino, na zona sul da capital, onde o hospital está localizado.

Para conseguir marcar a consulta desta terça com um neurologista para a mãe, Lucineia precisou varar uma madrugada na fila – isso há quatro meses. Nesta terça, recebeu a notícia de que só será atendida no dia 18 de setembro.

“Saímos as 5h de casa, com a minha mãe nessas condições. Ela é acamada, nem consegue falar direito. Precisamos da consulta para descobrir o que ela tem e orientar sobre o tratamento. Mas agora vamos ter de esperar mais ainda”, conta. Lucineia também afirma que a família não foi avisada da greve dos residentes.

Greve

De acordo com Klaus Ficher, presidente da associação de residentes da Unifesp, a categoria reivindica melhores condições de trabalho para atender aos pacientes. “Há muito tempo os pacientes ficam internados em corredores, falta medicação básica e o orçamento do hospital é deficitário”, diz.

A associação estima que 95% da categoria tenha aderido à paralisação e reforça que o ato não tem como pleito reajuste salarial. Segundo Ficher, cerca de 4 mil atendimentos são feitos diariamente no ambulatório do hospital. O setor é um dos mais prejudicados pela paralisação e os pacientes tiveram de esperar horas para receber atendimento.

Em nota, a direção do Hospital São Paulo afirma que “recebeu as reivindicações dos residentes e trabalha para que estas sejam atendidas”. O comunicado diz, ainda, que a instituição está “se esforçando para manter o atendimento à população” e “se houver necessidade, o hospital reforçará a equipe médica”.

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