Guedes acena com crédito à saúde e educação

O ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou em reunião com empresários de comércio e serviços para a possibilidade de discutir linhas de crédito específicas para os setores de saúde e educação como uma forma de minimizar o impacto da pandemia do novo coronavírus sobre esses segmentos.

Segundo relatos de dois participantes, o ministro reconheceu que os setores ficaram sem atenção do governo num primeiro momento e demonstrou preocupação com a elevada inadimplência relatada pelos representantes dessas atividades.

Como mostrou o <b>Estadão</b>, a inadimplência no pagamento de mensalidades do ensino superior subiu 75% entre abril e maio, de acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) em parceria com a consultoria Educa Insights.

Hospitais privados também sentiram a crise por meio do aumento do custo com insumos e da queda nas receitas devido à redução no número de atendimentos, diante da recomendação do Ministério da Saúde para adiar cirurgias e exames sem urgência ou relação com a covid-19.

Guedes então propôs a criação de grupos de trabalho para debater a viabilidade de contemplar os setores com linhas de crédito especiais, sem citar detalhes de como elas poderiam funcionar. A princípio seriam três grupos, um para saúde e dois para educação (um para empresas com faturamento até R$ 300 milhões e outro para companhias com receita bruta acima disso).

<b>Receio por irmã</b>

Ainda de acordo com os relatos, o ministro disse que ficou com receio de agir mais cedo para ajudar esses setores e ser acusado de favorecer um segmento no qual já investiu (educação) e que reúne pessoas próximas a ele. A presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), Elizabeth Guedes, é irmã do ministro.

Na reunião, o ministro também demonstrou preocupação com a situação dos estudantes que contrataram financiamentos estudantis para poder frequentar a universidade. O temor é de que esses jovens, ao se graduarem, enfrentem maior dificuldade para encontrar emprego e obter renda para pagar a dívida contraída.

Guedes voltou a defender a retirada de encargos sobre a folha de pagamento como medida para alavancar contratações no pós-crise.

O ministro também acenou aos empresários com uma prorrogação do prazo máximo para que empresas e trabalhadores com carteira assinada adotem a suspensão de contratos ou redução de jornada e salário, com pagamento de uma compensação pelo governo.

Como antecipou o <b>Estadão/Broadcast </b>(ssitema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o prazo da suspensão de contrato deve passar de 60 dias (dois meses) para 120 dias (quatro meses). Já o período limite para redução de jornada e salário deve aumentar de 90 dias (três meses) para 120 dias (quatro meses).

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