O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira, 18, que mais da metade dos recursos destinados pelo governo no combate à pandemia mirou na preservação da vida dos brasileiros e afirmou que, em determinados momentos, foi a equipe econômica que pressionou o Ministério da Saúde para empenhar mais verbas na luta contra a doença.
Em coletiva de balanço de final de ano, Guedes disse que colocou seu secretário-executivo, Marcelo Guaranys, à disposição do Ministério da Saúde para resolver quaisquer problemas de recursos ou medidas para a saúde. A Saúde, porém, enfrentou alguns problemas operacionais para usar os recursos, segundo o ministro da Economia. "Se houve uma pressão foi nossa no Ministério da Saúde para empenhar mais recursos", disse.
Guedes estimou que aproximadamente 70% dos recursos destinados ao combate à covid-19 foram empregados na preservação de vidas e outros 30% em medidas de crédito, ajuda a empresas e preservação de empregos. Ele voltou a repetir a previsão de que o Brasil deve fechar o ano sem perda de postos de emprego.
"Acho que Brasil é o único que conseguiu manter empregos formais", disse Guedes. "Converso com ministros de outros países e não há caso de zero empregos perdidos.
O ministro citou que, segundo ele, o próprio presidente Jair Bolsonaro foi quem indicou a necessidade de conciliar duas preocupações: a de salvar vidas e a de preservar empregos. "O próprio presidente calibrou bem para cima o auxílio emergencial", disse.
O benefício pago a vulneráveis na pandemia começou em R$ 200 propostos pela equipe econômica, depois elevado a R$ 500 pelo Congresso e, por fim, alcançou R$ 600 com chancela de Bolsonaro. Esse valor permaneceu por cinco meses e, depois, foi reduzido a R$ 300.
Ao elencar uma série de medidas tomadas pelo governo na pandemia, Guedes mencionou a ajuda financeira a Estados e municípios, que incluiu um repasse de R$ 60 bilhões em recursos, mas resultou num alívio maior por causa da suspensão temporária de dívidas. "No combate a covid, fizemos valer nosso plano de que mais Brasil, menos Brasília é importante", afirmou. "A democracia brasileira surpreendeu o mundo e funcionou exemplarmente", disse Guedes.
Para o ministro, a democracia é "ruidosa e barulhenta", com disputa de espaços, mas ele avaliou que o Brasil funcionou "de forma surpreendente". "O Brasil reagiu extraordinariamente bem do ponto de vista econômico", afirmou.
<b>Mais Brasil, menos Brasília</b>
Guedes chegou a iniciar a coletiva do balanço do ano de 2020 ressaltando a rápida reação do governo para fazer frente à pandemia trazida pelo coronavírus. "Mudamos a agenda de reformas estruturais para medidas emergenciais. No combate à covid, fizemos valer nosso plano de que mais Brasil, menos Brasília é importante", afirmou.
Em uma das raras coletivas que dá para a imprensa – o ministro costuma fazer pronunciamentos sem responder a perguntas – Guedes disse que o início do ano era "auspicioso" para reformas, com a economia "decolando", e que ele estava alinhado com o presidente da Câmara dos Deputados e do Senado.
<b>Problemas técnicos</b>
O ministro da Economia demonstrou irritação com problemas técnicos que ocorreram durante a transmissão de coletiva virtual em que ele faz um balanço do ano de 2020. Com pouco mais de 10 minutos do início, a transmissão caiu.
Antes de o ministro perceber, porém, já havia voltado, quando foi possível ouvir as reclamações do ministro. "Aí o pessoal fala mal do governo, como um todo. É muito ruim de comunicação, imagem é péssima, nada funciona direito" disse, incomodado.
Guedes então foi informado pelo técnico de que o áudio estava "passando". "Um espetáculo. Faço questão de transmitir pra fora o negócio, pra ficar mais bonito", completou. "Os senhores me desculpem, vamos seguir", disse o ministro, ao retomar a entrevista.