Estadão

Haddad pede cautela nas análises por conta de turbulência no mercado atribuída à corte na Selic

O ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou nesta sexta-feira, 4, que é preciso ter "cautela" nas análises econômicas e que a avaliação sobre a situação do Brasil não pode ser baseada em movimentos especulativos que ocorreram no exterior, em referência a "turbulências" que ocorreram no mercado financeiro na quinta-feira, 3.

"Ontem tivemos uma turbulência no mercado americano de títulos, que teve reflexo em vários países, não só no Brasil. Todo mundo sofreu com um abalo da colocação de um volume expressivo de títulos americanos no longo prazo, o que gerou uma pequena turbulência ontem e que, na minha opinião, foi indevidamente atribuída à decisão do Banco Central de cortar a Selic em 0,50 ponto", afirmou o ministro, reforçando que a decisão do BC foi correta e que, mesmo com o corte, a taxa de juros no Brasil segue entre as mais altas do mundo.

Haddad ainda avaliou que a turbulência ocorrida na quinta-feira é semelhante aos momentos em que há cortes expressivos na produção de petróleo, e que afetam os preços dos combustíveis no curto prazo.

"Toda vez que a Arábia Saudita corta produção, o preço sofre especulação e começa a se especular se a Petrobras vai aumentar os preços por causa de uma semana que o petróleo teve alta, e não deixam os preços acomodarem", afirmou o ministro da Fazenda. "Quando a produção é cortada, afeta o preço por uma semana, depois o mercado volta a acomodar."

Ele ainda reforçou que a Petrobras não pode tomar decisões sobre os preços de seus produtos com base na volatilidade do mercado e que o compromisso do governo também é de não tomar decisões com base em turbulências.

"As projeções de preço de combustíveis têm que ser feitas à luz daquilo que é concreto, e não meramente especulativo", comentou Haddad, que em seguida disse que o ministério da Fazenda "não tem gerência nenhuma" sobre a política de preços da Petrobras. "Ela a Petrobras é autônoma, mas eu acompanho dia a dia a evolução dos preços porque isso impacta a economia", disse.

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