Um helicóptero da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) foi atingido por um tiro na hélice durante operação para cumprimento de 51 mandados por tráfico de drogas na favela da Rocinha, na zona sul do Rio, nesta segunda-feira, 29. Não houve necessidade de pouso forçado e ninguém ficou ferido. Vinte mandados de prisão foram cumpridos na operação da 11ª Delegacia de Polícia (Rocinha) na favela da Rocinha que conta com atuação de 120 policiais de diversas delegacias.
Nesta segunda-feira, 29, seis mandados de prisão foram cumpridos, inclusive um contra o gerente do tráfico da favela, Nei Max Santos Félix, conhecido como Negão. Cadeirante, ele se locomovia de mototáxi, cumprindo ordens de Eduardo Fernandes de Oliveira, o 2D, preso em abril. Morador da Rocinha, Nei Max não tinha ficha criminal.
Outros 14 mandados – três contra traficantes que já estavam presos – foram cumpridos ao longo de oito meses de investigações, desde que a delegacia da Rocinha foi inaugurada. A prisão em abril do traficante Luiz Carlos Jesus da Silva, o Djalma, um dos líderes da facção Amigos dos Amigos (ADA)fez parte da Operação Gênesis.
Investigação
Durante as investigações, segundo o delegado-titular Gabriel Ferrando, os policiais identificaram o novo modo de atuação da facção. Desde a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em setembro de 2012, o tráfico foi descentralizado e passou a agir em “células criminosas autônomas”, ligadas à ADA. “O tráfico tentava se adaptar a uma comunidade pacificada. A Rocinha deixou de ser uma grande fornecedora e distribuidora de drogas e passou a vender no varejo”.
Na nova organização, o Morro da Pedreira, em Costa Barros, na zona norte, que é comandado pela mesma facção passou a ser o principal fornecedor de drogas da Rocinha. Os policiais não identificaram paióis, depósitos e refinarias de drogas de grande porte. Os locais de endolação e as bocas de fumo passaram a ser móveis para dificultar a identificação pela polícia.
Uma célula atuava na venda de drogas no asfalto, inclusive com entregas em domicílio. Outro grupo de traficantes saía da Rocinha para atuar na Cruzada São Sebastião, no Leblon, zona sul, que funcionava como extensão do tráfico de drogas.
A investigação da 11ª DP, que era sigilosa até hoje, agora será compartilhada com os policiais da UPP da Rocinha para que os 31 mandados de prisão pendentes sejam cumpridos. Entre os traficantes que ainda estão soltos, aparecem Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, e Jailson Barbosa Marinho, o Jabá ou JB. Eles são apontados como chefes do tráfico da Rocinha e dividiam o poder com Djalma.
“O tráfico está enfraquecido e não tem mais o mesmo poder de antes. Nossa investigação, com o cumprimento dos mandados, é fundamental para o avanço da pacificação”, completou o delegado Ferrando.
Tiroteio
Pelo Facebook, moradores da Rocinha fizeram relatos sobre tiroteio na favela desde as 5h30 desta segunda. No entanto, de acordo com o delegado Ferrando, esta é uma técnica de guerrilha usada pelos traficantes para demonstrar mais poder de fogo. “Eles atiram para o alto e lançam morteiros a esmo, em locais isolados, principalmente na parte alta da favela, para ampliar a sensação de conflito”.
Duas escolas da rede municipal foram fechadas por causa dos disparos e 1.044 alunos ficaram sem aulas.