Israel anunciou um plano para retirar os moradores de uma faixa de dois quilômetros ao longo da fronteira com o Líbano, onde vêm se intensificando as ações do Hezbollah, grupo xiita libanês aliado do Hamas. Cinco pessoas já morreram na região por disparos vindos do Líbano.
Nesta segunda, 16, o Hezbollah destruiu as câmeras de vigilância de vários postos de controle de Israel na fronteira. O grupo divulgou um vídeo mostrando franco-atiradores acertando os equipamentos em cinco pontos diferentes, incluindo um na cidade israelense de Metula.
Israel e Hezbollah são inimigos declarados que travaram uma guerra de um mês em 2006. Israel considera o grupo xiita, que é apoiado pelo Irã, a sua ameaça imediata mais séria, estimando que a milícia tenha cerca de 150 mil foguetes e mísseis apontados para seu território.
<b>Ameaças</b>
A maior preocupação dos militares israelenses é a de que o Hezbollah possa se juntar ao Hamas e abrir uma segunda frente na guerra. O presidente dos EUA, Joe Biden, vem constantemente pedindo para que outros atores do Oriente Médio não entrem no conflito. No domingo, em entrevista ao programa 60 Minutes, da rede CBS, Biden disse que o Hezbollah e o Irã deveriam se manter longe da guerra entre Israel e Hamas.
A tensão na fronteira norte de Israel atingiu um novo patamar ontem, o que levou o governo do premiê Binyamin Netanyahu a ordenar a retirada dos moradores de 28 núcleos habitados. Eles serão realocados em pousadas, segundo o Ministério da Defesa de Israel – é a primeira vez desde 2006 que o governo realiza a retirada de moradores da fronteira com o Líbano.
<b>Ocupação</b>
Yael Danieli, chefe da Associação de Hotéis de Israel, disse ontem que metade dos 56 mil quartos de hotel do país estão sendo usados para abrigar famílias retiradas de comunidades próximas da Faixa de Gaza. Com a chegada de israelenses vindos da fronteira norte, a ocupação deve aumentar ainda mais.
A implementação do plano de retirada dos povoamentos na fronteira norte, aprovada pelo ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, será de responsabilidade dos líderes municipais das comunidades e dos ministérios do Interior e da Defesa. A maioria dos 28 núcleos tem cerca de mil moradores, mas a lista também inclui a cidade de Shlomi, de 7 mil habitantes.
Desde o dia 8, um dia após o ataque do Hamas, tornou-se comum o fogo cruzado de artilharia e mísseis antitanque na fronteira libanesa. Alguns disparos foram reivindicados pelo Hezbollah e outros por facções palestinas que atuam no território libanês.
Esses episódios resultaram em um total de 17 mortes: 5 em Israel e pelo menos 12 no Líbano, incluindo 2 civis e 1 cinegrafista da agência Reuters, além de 4 homens do Hezbollah e 5 membros de milícias palestinas.
Duas das mortes ocorreram ontem: um soldado de Israel morreu em um ataque com mísseis antitanque lançados pelo Hezbollah contra o posto militar de Nurit, e um civil de cerca de 40 anos morreu na cidade de Shtula, também em um ataque do Hezbollah.
Hassan Fadlallah, deputado xiita do Hezbollah, membro do Parlamento libanês, disse que o grupo está pronto para todas as possibilidades. "Não queremos revelar qual é o próximo passo", disse. De acordo com ele, as ações do grupo "estão ligadas "ao que está acontecendo em Gaza".
Por via das dúvidas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou ontem que enviou duas remessas de suprimentos médicos para Beirute, em preparação para uma possível escalada da guerra ao longo da fronteira entre Líbano e Israel. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>