A funcionária pública Geania do Nascimento, de Boa Vista (RR), procurou na internet uma passagem aérea para Barretos (SP) e não encontrou. A cidade é famosa pelo seu rodeio, mas Geania não queria ir para a festa. Ela trouxe a filha Jamile, de 10 anos, para fazer tratamento de retinoblastoma, um tumor ocular, no Hospital de Câncer de Barretos.
Para chegar à cidade, pegaram um voo da capital de Roraima até Manaus e, de lá, até o Rio. Dormiram no Rio e, no dia seguinte, voaram até São José do Rio Preto. De lá, gastaram R$ 350 de táxi até Barretos. “Quem pagou a passagem aérea foi o TFD (Tratamento Fora de Domicílio, um benefício do SUS). Se tivesse aeroporto em Barretos, não precisaria gastar no táxi”, diz Geania. O valor do táxi é metade do aluguel da quitinete que estão hospedadas em Barretos.
O município de Barretos anseia há anos por voos regulares. A principal demanda vem do Hospital de Câncer, que recebe mais de 4 mil pacientes por dia – a maioria deles de outras cidades. Sem voos regulares, eles enfrentam uma odisseia para ir e vir.
Os médicos sofrem do mesmo inconveniente. Muitos moram em outras cidades e há até cirurgiões estrangeiros que vêm fazer treinamentos em Barretos. Inconformado com a situação, o próprio hospital fez uma campanha publicitária para atrair voos para a cidade em 2013. Não deu resultado.
Infraestrutura
Embora Barretos não tenha voos, como comprovou Geania, a cidade tem, sim, aeroporto. Mas ele é usado apenas por um ou outro jatinho de empresário. A porta do terminal de embarque está encostada. Dentro, há cadeiras antigas vazias.
Da esteira de bagagem, só sobrou a carcaça. A torre de controle está desativada. E a pista precisa de recapeamento. Antes de Geania ou qualquer pessoa desembarcar, o aeroporto precisa de reformas.
Administrado pelo governo de São Paulo no passado, o aeroporto de Barretos passou para a gestão municipal no fim de 2012. A prefeitura buscou investimento privado e tinha planos para uma revitalização, lembra o secretário de Desenvolvimento Econômica de Barretos, Domingos Baston. “Soubemos do plano da União e apostamos nisso”, diz.
Barretos entrou na lista dos aeroportos que seriam reformados e técnicos contratados pela União foram ao local fazer estudos. “O projeto não saiu e abortou qualquer plano de investimento alternativo que existia.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.