O cenário atual do emprego na indústria é pior do que durante a crise financeira mundial ocorrida entre 2008 e 2009, afirmou o técnico Rodrigo Lobo, da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo ele, o nível atingido em julho deste ano é o menor desde abril de 2004, de acordo com os dados ajustados sazonalmente, divulgados nesta quarta-feira, 10. A série foi iniciada em 2001.
O emprego industrial recuou 0,7% em julho ante junho, a quarta queda consecutiva. No mesmo período, houve alta de 0,7% na produção, mas devido à base mais enfraquecida pela redução de ritmo em função dos feriados da Copa do Mundo. A tendência, portanto, segue sendo de desaceleração da atividade.
“Como o cenário atual é de queda na produção, os empresários têm feito ajustes. Então, há um processo de demissões”, explicou o técnico. “Não há nenhum indício de que haverá retomada de contratações a partir de agora.”
No ano passado, alguns analistas argumentavam que, a despeito da desaceleração na atividade industrial, empresários optaram por reter mão de obra, tendo em vista os altos custos. “Agora, pelo visto, está valendo a pena arcar com os custos da demissão”, disse Lobo.
Segundo o IBGE, o emprego industrial está 7,3% abaixo do pico, registrado em julho de 2008. O quadro supera o vale da crise financeira mundial, quando em junho de 2009 o nível ficou 7,0% abaixo do pico, e só não é pior que abril de 2004 (7,5% abaixo do ponto máximo).
Além disso, o indicador de número de horas atingiu o menor patamar de toda a série, também iniciada em 2001. “Como o número de horas é um antecessor do que pode acontecer, o cenário não é promissor”, disse Lobo.