Estadão

Ibovespa cai 0,04%, aos 112,2 mil pontos, com cautela pré-Fed

O Ibovespa teve um dia de leves variações, oscilando menos de 900 pontos entre a mínima e a máxima da sessão até perto da hora final dos negócios, em que conseguia preservar a marca de 112 mil pontos, apesar do dia majoritariamente negativo no exterior com a expectativa para a decisão de política monetária desta quarta-feira, 1º, nos Estados Unidos, em semana de deliberação sobre juros também no Brasil. O giro financeiro na B3 se manteve limitado a R$ 25,1 bilhões nesta segunda-feira.

Na B3, o índice ensaiou leve alta no meio da tarde, mas ao fim cedeu 0,04%, aos 112.273,01 pontos, entre piso de 111.823,63 às 16h53, acompanhando então a piora dos índices de Nova York, e pico de 112.920,30 mais cedo na sessão, em que emendou a terceira perda. No mês, sobe 2,31%, faltando apenas amanhã para o encerramento de janeiro. Se o desempenho positivo se confirmar na conclusão desta terça-feira, será o primeiro ganho para o Ibovespa desde outubro, vindo de perdas de 2,45% em dezembro e de 3,06% em novembro.

Apesar do desempenho negativo do petróleo nesta segunda-feira – pressionado pela apreciação do dólar -, as ações da Petrobras se firmaram em alta à tarde, mas perderam fôlego em direção ao fechamento (ON +0,31%, PN +0,51%), dando algum suporte ao índice. A sessão era majoritariamente ruim para os grandes bancos até bem perto do fechamento, quando o segmento deu guinada para cima à exceção de Santander (-0,45%). O dia foi de recuo para Vale, amenizado perto do fim da sessão (ON -0,36%). As siderúrgicas tiveram fechamento em geral positivo (CSN ON +0,55%, Gerdau PN +0,46%).

"O mercado está ainda bem preocupado de que Americanas respingue nos balanços dos bancos, além de acompanhar de perto a formação da diretoria da Petrobras e de como poderá afetar a política de preços (da estatal)", diz Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos. A temporada de balanços de bancos brasileiros começa na próxima quinta-feira, pelos números do Santander. E para o conselho da Petrobras, apurou o Broadcast, devem ser indicados nomes ligados à academia, além de especialistas tarimbados no setor e empresários com bom trânsito no governo.

Na ponta do Ibovespa nesta segunda-feira, ações do setor de consumo e varejo, como Arezzo (+6,36%), Natura (+5,49%) e Petz (+4,46%), além das exportadoras de papel e celulose Klabin (+2,87%) e Suzano (+2,66%). No lado oposto do índice, CVC (-14,40%), Raízen (-4,97%), Cielo (-4,78%) e Magazine Luiza (-3,75%). O anúncio de que a Louis Dreyfus Commodities (LDC) programou para a próxima quarta-feira um block trade a R$ 3,15 por ação para zerar posição na Raízen puxou a queda dos papéis da empresa na sessão, reporta Wilian Miron, do Broadcast.

No canto oposto, as ações da Natura, embora tenham limitado o grau de avanço em direção ao fechamento, subiram com "a notícia de que a LVMH e a L Oréal têm intenção de fazer oferta por participação em um dos ativos da empresa, a Aesop, o que é avaliado de forma positiva pelo mercado", diz Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos.

"Na semana passada, o Ibovespa sofreu na quinta e especialmente na sexta-feira, ainda com volume fraco – em geral, as commodities sofrendo e os bancos refletindo o problema das Americanas. Aqui, o mercado acompanha também a definição, nesta semana, da eleição para as presidências da Câmara e do Senado. Para os Estados Unidos, o cenário ainda é de soft landing em 2023, uma desaceleração (econômica) bastante gradual", aponta Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, chamando atenção para a próxima "superquarta", com a deliberação sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil – na quinta, será a vez da zona do euro e da Inglaterra.

No noticiário doméstico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou hoje previsões negativas de economistas sobre os impactos das incertezas fiscais na inflação e no câmbio. "Faz só 30 dias que os economistas previram o caos", disse em reunião de diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

No evento, Haddad voltou a defender a necessidade de se "harmonizar" a política monetária e fiscal. "Essas políticas se divorciaram no último período: o juro foi a 13,75% e o fiscal se perdeu, com desonerações sem base técnica", observou o ministro. Ele disse também que a reforma tributária vai avançar em duas etapas: a primeira delas terá foco no imposto sobre consumo.

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