O Ibovespa inicia a última semana do mês acumulando ganho de 4,95% em março, com ajuste moderado nesta segunda-feira para a referência da B3 após sequência de oito ganhos, a mais longa desde a virada de maio para junho passado. Nesta segunda-feira, fechou em baixa de 0,29%, a 118.737,78 pontos, interrompendo avanço de 10.121,83 pontos observado até a última sexta-feira em relação ao encerramento de 15 de março. Nesta segunda, oscilou entre mínima de 118.060,65 e máxima de 119.444,42, saindo de abertura a 119.082,27. O giro foi de R$ 26,6 bilhões na sessão. No ano, o Ibovespa sobe 13,28%.
Assim como o Ibovespa, o dólar fez uma pausa nesta segunda-feira após série de oito sessões de recuo frente ao real. Nesta segunda, a moeda americana fechou em alta de 0,53%, a R$ 4,7726, tendo oscilado entre mínima de R$ 4,7360 e máxima de R$ 4,8190 na sessão. O petróleo, por sua vez, teve forte queda, acima de 9%, com o Brent negociado na faixa de US$ 109 por barril no fim desta tarde, enquanto o mercado acompanha tanto os desdobramentos em torno do Leste Europeu, à espera de novas conversas marcadas para a terça entre os países em conflito, como também a ressurgência de casos de covid-19 na China, que recolocou Xangai em lockdown.
"Desde que a guerra começou, os preços das commodities têm ditado a dinâmica dos mercados como um todo, pelo efeito sobre a inflação global. O petróleo caiu, mas segue em patamar elevado", diz Artur Schneider, responsável por produtos na Monte Bravo Investimentos, chamando atenção, nesta semana, tanto para a divulgação do PCE, métrica preferida do Federal Reserve para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, que será conhecido na quinta-feira, como para os dados atualizados, referentes a março, sobre o mercado de trabalho americano, na sexta-feira.
"O movimento de alta dos juros nos Estados Unidos pode prejudicar esse fluxo (para Brasil) adiante, mas por ora a diferença entre os nossos 11,75% de Selic e o nível de 0,25%/0,50% de juro básico nos Estados Unidos segue bastante significativa, mesmo considerando o nível de inflação nos dois países", aponta Rachel de Sá, chefe de Economia da Rico Investimentos.
Ela observa também que o Ibovespa ainda se encontra no "maior patamar de desconto dos últimos 15 anos em relação à Bolsa americana". "Para parte dos investidores estrangeiros, os preços baixos passam a compensar o risco de se investir por aqui, mesmo com os mesmos desafios domésticos observados no ano passado", acrescenta a economista, destacando que a composição do mercado brasileiro, com 40% de empresas de commodities e 24% do setor financeiro, atrai a "dinheirama da gringa".
O dia foi majoritariamente negativo para esses setores de maior peso no índice, à leve exceção de Vale (ON +0,12%) e de parte das siderúrgicas (Gerdau PN +0,43%, Usiminas PNA +0,57%). Petrobras ON e PN fecharam o dia, respectivamente, em baixa de 2,63% e 2,17%, em meio a informações de que o presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, deixaria o cargo por decisão do Planalto. Enquanto isso, as perdas entre os grandes bancos chegaram a 1,52% (Unit do Santander). Na ponta negativa do Ibovespa, Locaweb (-4,57%), Copel (-3,31%), Banco Pan (-3,30%) e Eztec (-2,85%). No lado oposto, Marfrig (+4,02%), Minerva (+3,66%), Ambev (+2,93%) e Assaí (+2,53%).
Na agenda doméstica, a Receita Federal anunciou nesta segunda a arrecadação federal de fevereiro, a R$ 148,7 bilhões, abaixo da estimativa mediana do mercado (R$ 150,7 bilhões, pelo Projeções Broadcast), "mas praticamente em linha com a nossa projeção, de R$ 149,1 bilhões", aponta em nota o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. "Dessa forma, a arrecadação continua vindo em patamar bastante forte e, mesmo que seja por fatores conjunturais, pode ser importante para uma continuação dos resultados positivos fiscais que estamos observando desde 2021", acrescenta.