Estadão

Ibovespa cai 1,54% e perde 0,48% no ano com risco Americanas

O temor com a exposição dos bancos às Americanas levou o Ibovespa à terceira queda seguida nesta segunda, 16, em um dia de redução dos preços de commodities e de baixa liquidez devido ao feriado de Martin Luther King Jr., que fechou as bolsas nos Estados Unidos. O principal índice de referência da B3 encerrou a sessão em 109.212,66 pontos, em baixa de 1,54%, na maior contração diária desde o último dia 3 (-2,08%), quando o ministro Carlos Lupi havia defendido a revogação da reforma da Previdência. Com o resultado, o índice apagou os ganhos do ano e cai 0,48% no acumulado de 2023.

Em baixa desde o início da sessão devido às preocupações em torno da varejista e ao aumento das expectativas de inflação e juros apuradas no relatório Focus, o Ibovespa tocou a mínima de 108.802,91 pontos (-1,91%) em meados da tarde, minutos após o Broadcast divulgar que o governo estuda aumentar o salário mínimo acima dos R$ 1.320,00 previstos no Orçamento. A informação renovou no mercado as preocupações com as contas públicas, mesmo depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ter defendido em Davos uma "retomada econômica com sustentabilidade fiscal".

"Basicamente, o que refletiu hoje foi a questão do aumento do salário mínimo acima do que já está no Orçamento e o efeito sistêmico da recuperação judicial das Americanas, com o mercado preocupado principalmente com Americanas", diz o sócio e economista da Valor Investimentos Gabriel Meira. "Com a questão de a dívida da Americanas ter batido perto de R$ 40 bilhões e da recuperação judicial, o mercado está bem receoso quanto a um efeito sistêmico."

Os papéis da varejista derreteram 38,41% no pregão de hoje, após o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) ter concedido na sexta-feira, 13, 30 dias corridos para a empresa entrar com pedido de recuperação judicial. Com a crise na Americanas, os maiores bancos credores da empresa fecharam em baixa e puxaram as perdas do Ibovespa. As units do BTG Pactual caíram 3,38%, enquanto as do Santander cederam 4,41%. Também tiveram baixas Bradesco (-2,21% ON, -3,07% PN) e Itaú Unibanco (-1,08% ). O índice setorial financeiro da B3 caiu 1,73% e acumula perda de 0,52% em 2023.

A queda dos preços de commodities no mercado internacional também penalizou a Bolsa brasileira, enquanto o mercado acompanha a situação sanitária na China após o abandono da política de Covid Zero no país. Após saltar mais de 8% na semana passada, o petróleo Brent para março fechou em baixa de 0,96%, a US$ 84,46 o barril. Em meio à redução dos preços do óleo, os papéis da Petrobras tiveram baixas de 2,16% (PN) e 2,49% (ON).

Na contramão do restante do índice, Magazine Luiza (+12,24%), Via (+10,55%), Carrefour (+4,40%), Embraer (+3,94%) e Pão de Açúcar (+2,23%) lideraram os ganhos do dia.

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