Os ativos domésticos intensificaram há instantes os ajustes positivos, no embalo do otimismo renovado pela notícia sobre uma vacina contra a covid-19. O Ibovespa rompeu o nível dos 105 mil pontos, enquanto o dólar continua em queda, na casa de R$ 5,26, e os juros futuros cedem.
Tanto o atual presidente dos Estados Unidos quanto o novo presidente comemoraram a notícia sobre o medicamento. A vacina experimental desenvolvida pela Pfizer e BioNTech se mostrou 90% eficaz na prevenção do coronavírus. O presidente eleito, Joe Biden, ponderou que a notícia não encerra a luta contra a doença.
Já o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou hoje que uma vacina contra a covid-19 é necessária com urgência, mas ressaltou que um imunizante por si só não resolverá todas as vulnerabilidades da crise global.
O aumento de pessoas contaminas pela doença, que tem levado à renovação de medidas restritivas na Europa, pode refletir negativamente na demanda global por petróleo, segundo um funcionário da Agência Internacional de Energia disse à Reuters. Entretanto, os impactos devem ser menores do que os causados pelos bloqueios europeus impostos no início do ano, avalia Keisuke Sadamori, diretor da agência para mercados de energia e segurança.
A possibilidade de chegada de uma vacina para conter a pandemia é bem-vinda pois tende a limitar os possíveis efeitos de uma segunda onda no mundo. "A existência de uma vacina indica normalização das coisas, da atividade, que a vida pode voltar ao normal, com possibilidade de efeito menos intenso sobre o crescimento global", descreve o CEO da Omninvest, Roberto Attuch Jr.
Além de o otimismo dos mercados refletir a decisão eleitoral nos EUA na medida em que se tem uma incerteza a menos no radar, a expectativa de aprovação de um pacote de trilhões de dólares nos EUA pelo governo eleito para estimular a economia, mesmo com as ameaças de Trump contra o resultado, animam. "É um governo democrata que deve gastar mais, rever benefícios, que tende a abrir mais o cofre para promover sua política. Isso pode ser preocupante neste momento em que se está gastando para conter os efeitos da pandemia. No entanto, Biden já afirmou estar atento a essas questões de caixa. Então, o mercado segura essa recuperação", avalia o diretor da CM Capital Markets, Fernando Barroso.
A despeito dessa percepção, Barroso chama a atenção para questões locais que podem limitar eventuais ganhos, como a situação fiscal. Neste sentido, afirma ser importante o governo brasileiro retomar a agenda de reformas, alertando que problemas como os ocorridos no Amapá tendem a dificultar a retomada dessa agenda.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse ontem que vai cobrar da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) uma investigação rigorosa sobre as responsabilidades da empresa responsável pela subestação que pegou fogo e causou um apagão em 14 dos 16 municípios do Amapá. Para Alcolumbre, a concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) deve perder a concessão, e o empreendimento deve ser assumido pela Eletronorte.
Hoje, as ações ligadas ao petróleo, que sobe entre 10% (Nova York) e 9% (Londres), avançam com força, com destaque para Petrobras, que sobe acima de 9%. Já Vale ON tinha alta de apenas 0,62%.
O dólar fraco pressiona as ações de empresas como Suzano e Klabin, que cediam entre 2,89% (ON) e 2,61% (Unit), respectivamente, às 10h37, enquanto as áreas Gol PN (17,09%) e Azul PN 914,58%) lideravam a lista de maiores elevações do Ibovespa.
O índice, por sua vez, avançava 3,54%, aos 104.496,88 pontos, após máxima aos 105.146,56 pontos.